(Arnaldo Silva) Salinas, cidade, do Norte de Minas, é conhecida no mundo inteiro por sua cachaça de qualidade, e reconhecida como a Capital da Cachaça no Brasil, oficializada pela Lei Federal nº 13.773, publicada no Diário Oficial da União em 19/12/2018. Em Salinas está o Museu da Cachaça, instalado no antigo aeroporto da cidade. O museu possui oito salas com um amplo acervo de garrafas e um moinho montado a partir de temas como sociedade do açúcar, engenhos antigos e atuais, plantação, colheita e moagem da cana, além de contar a história da cachaça no município.
Além da cachaça e do seu tradicional Festival Internacional da Cachaça, Salinas tem um casario charmoso e eclético e é tradicional na produção de requeijão e carne de sol. O que pouca gente sabe é que do seu solo, é retirado a argila, base para um dos mais valiosos artesanatos de Minas Gerais, feitos pelas mãos de artesãs que vivem no aconchegante distrito de Ferreirópolis, com acesso pelo km 25 da rodovia Salinas/Taiobeiras.
A região de Salinas está no semiárido mineiro e os períodos de seca são prolongados, o que faz com que muitos deixem a região, em busca de trabalho, deixando suas famílias ou os que ficam, encontravam muitas dificuldades de manter suas atividades agropecuárias, atividade principal de seus moradores. Essa realidade começou a mudar a partir de 1993, com a criação do Conselho Comunitário de Ferreirópolis.
A entidade hoje conta com 260 associados que exercem atividades diversas, seja na agropecuária, plantando milho, feijão, tirando leite para a produção de requeijão e também no artesanato. Na sede do Conselho, os associados tem orientação sobre projetos como Minha Casa Minha Vida, Pronaf e Garantia da Safra. Realiza ainda todos os anos a Festa dos Amigos, com a maior fogueira de São João da Região, evento que atrai milhares de pessoas, não só da região, mas de todo o país, que vem que ao distrito participar da festa.
O Conselho conta ainda com a participação das esposas dos lavradores, que se uniram à entidade com o objetivo de saírem da ociosidade e ajudarem no orçamento familiar. A opção foi pelo artesanato em cerâmica, uma tradição familiar antiga, mas praticada por poucos da vila, até então. O que as mulheres de Ferreirópolis fizeram foi resgatar uma antiga tradição do distrito, tradição presentes por gerações.
Na região encontra-se com facilidade argila, aproveitando ainda o talento passado de mãe para filhas, as mulheres colocaram literalmente as mãos na massa e colocaram em prática as técnicas na arte de fazer peças em cerâmicas. Com o passar do tempo, foram aprimorando os conhecimentos e criando novas peças, com isso dando identidade cultural aos seus trabalhos, únicos, inconfundíveis e especiais.
Começaram a participar de feiras e exposições de artesanato em Minas Gerais e outras regiões do país, o que fez o artesanato de Ferreirópolis ser mais conhecido, bem como a atuação das artesãs nas redes sociais, fazendo com que seus trabalhos tornassem conhecidos em todo o país, possibilitando realizar vendas online com o envio das peças por sedex.
Na comunidade, são sete artesãs, com destaque para Maria Cláudia de Matos Miranda, que com muito entusiasmo, procura divulgar os trabalhos e atividades do Conselho, as tradições de sua comunidade e seu próprio trabalho, feito com muita maestria.
Cláudia Miranda trabalha com artesanato desde criança, ofício ensinado por sua mãe, bordadeira. Professora, formada em faculdade, mas sabia que tinha no sangue a herança da arte mineira. Nas horas de folga, se dedicava ao artesanato.
A partir de 2001, mudou- para a vizinha cidade de Taiobeiras, de forte tradição na arte em cerâmicas, tendo sido de grande importância para seu aprendizado. Conheceu artesãos famosos viajando pelo Brasil, participando de feiras, eventos e exposições de arte, o que muito enriqueceu seus conhecimentos.
Retornando a sua terra natal, já como educadora aposentada, se dedica de corpo e alma ao artesanato. Segundo Cláudia Miranda, "a arte de criar é muito prazerosa”. Para a artesã, “a arte é o fruto do mais puro sentimento do ser humano.
Suas peças foram catalogadas pelo SEBRAE, motivo de orgulho para a artista que divide suas experiências e conhecimentos com as artesãs de sua comunidade, procurando ajudar. “Após ter-me aposentado como educadora, pretendo continuar desenvolvendo projetos sociais junto às comunidades menos favorecidas, tendo em vista que já tive cinco projetos elaborados por mim e aprovados na área cultural, enquanto presidente da Associação dos Artesãos de Taiobeiras/MG” informa a artesã que atualmente é sócia do Conselho Comunitário de Ferreirópolis, atuando na entidade desde 2014, quando ministrou um curso de modelagem de argila.
A Artesã pode ser contatada pelo pelo whatsapp 3899417463, pelo E-mail : claudiamirandamatos@hotmail.com, ou pelo Instagram @claudiamirandamatos.
(as informações e fotos dos trabalhos das artesãs de Ferreirópolis foram repassadas pela Cláudia Miranda)