A gabiroba é uma fruta redondinha, de polpa suculenta, com muitas sementes. Seu nome, segundo li, vem do tupi-guarani wa'bi, "ao comer" e rob, "amargo” e tem um sabor de intrigante paladar. Quando verde, a casca é meio amarga e grossa, bem ruinzinha de provar, mas quando madura, é docinha feito ela só! É também fonte de alimento para insetos e pássaros, e concentra mais vitamina C que a acerola. (fotografia acima de Jad Vilela de Divinópolis MG)
A gabiroba não é só uma deliciosa e nutritiva fruta do mato. Ela é também tema de muitas histórias de infância, sendo sua colheita pretexto para encontros e brincadeiras. Para quem viveu na roça, a gabiroba era um feliz e animado passatempo. Chegava o domingo e o povo chamava:
— Vamo caçá gabiroba, gente! — e estava pronto o passeio. Amigos e parentes se juntavam e saíam para passar o dia no cerrado, atrás das frutas. Os olhos ávidos por achar o pé mais carregadinho, não perdiam uma só moita pela frente. A gabiroba enche o pé! É uma festa dar de cara com o arbusto coberto de frutos maduros — puro mel na boca! Comer gabiroba no pé não é como comer uma banana ou chupar uma laranja. É totalmente diferente! Porque antes de tudo existe a aventura de “caçá-la”. E não são poucos os “causos” que começam assim: “Um dia, nóis fomo caçá gabiroba e...”. Certeza que vem causo bom!
Certa vez, perguntei a alguém de mais idade pelos “divertimentos” dos jovens de sua época. É claro que entre as rezas, os terços, as visitas, foi citada a caça à gabiroba. E pelos relatos, a busca pela frutinha era quase um evento. Ali se faziam amizades, começavam namoros, tratavam casamento, aconteciam fatos que viravam histórias. E muitos eram os casos de gente que, correndo atrás das gabirobeiras, se perdia na imensidão do cerrado. E que trabalhão encontrar os perdidos! E pasmem — havia até relatos de assombrações que apareciam para os mais desavisados e ambiciosos. Um perigo, uma coisa do outro mundo! Sem contar que tinha gente que acendia vela na intenção de colher boas e graúdas gabirobas. (foto acima de César Reis)
E os concursos? Sim! Ao final do “tour rural” ganhava quem apresentasse a maior ou a menor gabiroba (só não sei qual era o prêmio. Talvez só mesmo o gosto de tirar uma onda: achei a maior! Achei a menor!) Cada coisa, hein?
Faz algum tempo, em visita ao lugar onde nasci, resolvi adentrar ao mato, à beira da velha estrada. Grata surpresa! Dei com um campo de gabirobas em temporada de colheita! Levar à boca os frutos maduros e doces foi como retornar no tempo, quando, junto com as primas, desbravava aqueles cerradões, à cata das gabirobeiras carregadas. (foto abaixo de Arnaldo Silva)
Faz algum tempo, em visita ao lugar onde nasci, resolvi adentrar ao mato, à beira da velha estrada. Grata surpresa! Dei com um campo de gabirobas em temporada de colheita! Levar à boca os frutos maduros e doces foi como retornar no tempo, quando, junto com as primas, desbravava aqueles cerradões, à cata das gabirobeiras carregadas. (foto abaixo de Arnaldo Silva)
E provar das gabirobas no pé não foi apenas saborear uma frutinha de sabor inconfundível. Foi ter o poder de trazer a infância outra vez, pelas boas lembranças e pelo paladar!
ACHEI PARECIDA COM A CABELUDINHA, É DA MESMA FAMÍLIA ?
ResponderExcluirnem um pouco se parece.
ResponderExcluirtem gente que confunde goiabinha com gabiroba mais é esta que conheço.
Excluirnem um pouco se parece.
ResponderExcluirFez parte da minha infância... nunca mais encontrei...
ResponderExcluirRealmente, Gabirobas têm gosto de infância, em nossas mentes veem muitas lembranças. Na minha, agora e com muitas saudades colhemos essa frutinha de sabor especial nas campinas do alto do Ribeirão da Babilônia, na propriedade do Sr.Jovino, em LAGOA FORMOSA-MG, e o número de famílias que participavam era bastante expressivas!
ResponderExcluirRealmente era muito bom quando a gente ia pegar as gabirobas sempre tinha historias alegres e divertidas.
ResponderExcluirSegundo os mais velhos diziam que a cobra cascavel adora ficar ali na espreita de sua moita, pois sabe que ali pássaros e roedores aparecem para apreciá-las e aí o banquete é certeiro e completo...
ResponderExcluirEita trem bão! No pé ou no prato em forma de doce com queijo!!! delicia
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