(Por Arnaldo Silva) Lagoa da Prata é um município da região Centro Oeste de Minas. Faz divisa com os municípios de Luz, Moema, Japaraíba e Santo Antônio do Monte. Distante 202 km de Belo Horizonte, tem acesso pela BR 262, entrando no trevo de Moema, pela MG 170.
Segundo o IBGE, Lagoa da Prata conta atualmente com 52.165 habitantes. É uma das mais prósperas cidades do Centro Oeste Mineiro, com uma ótima estrutura comercial e industrial contando com um variado comércio e indústrias de médio e grande porte, além de ter forte vocação para turismo, principalmente de aventuras. (foto acima de @arnaldosilva_oficial)
A cidade oferece atrativos turísticos naturais e de interesse ecológico como sua famosa praia, o Rio São Francisco, monumentos históricos e atividades eco turísticas praticadas na região, principalmente em seus distritos, sendo o mais procurado hoje, o Distrito de Martins Guimarães. (na fotografia acima de Rafael Robatine/Arquivo Sectur, vista parcial de Lagoa da Prata MG) O acesso ao distrito é pela MG 429. Até a vila, a estrada é toda pavimentada. As belezas do nosso cerrado estão presentes no distrito, além da beleza das correntezas do Rio Jacaré e 20 km de trilhas de Cerrado, o que atrai amantes de caminhadas e trilheiros. (foto acima de @arnaldosilva_oficial)
Martins Guimarães não chama atenção apenas por suas belezas naturais. Sua história, arquitetura e seu colorido casario, lembra muito o estilo da arquitetura, cores vivas e vibrantes do casario da famosa ilha de Burano, perto de Veneza, na Itália. (na foto acima de autoria de Thelmo Lins)
As belezas naturais de Martins Guimarães e sua bem conservada e atraente arquitetura, vêm atraindo atenção de turistas de toda a região do Centro Oeste Mineiro, e também do Brasil. A pacata e pitoresca vila, é dotada de um charme incrível! Martins Guimarães é a Burano brasileira! (foto acima e abaixo de @arnaldosilva_oficial)
Na Vila e zona rural vivem cerca de 400 pessoas. A economia do distrito é movimentada pelas atividades agrárias, de pequenos comércios e uma fábrica de cosméticos, de médio porte, a Fashion. Seus moradores são simples, muito hospitaleiros, gentis e demonstram um amor e carinho enorme à comunidade em que vivem.
A origem do nome
A história de Martins Guimarães é bem interessante. Seu desenvolvimento se deu no início do século XX com a chegada da Estrada de Ferro Oeste de Minas, que ligava Belo Horizonte a Garças, distrito de Iguatama, no Oeste de Minas. A ferrovia foi aberta entre 1911 e 1916, transportando carga e passageiros. A Estação de trem de Martins Guimarães, segundo os moradores, começou a ser construída em 1914 e inaugurada em 1916. (fotografia acima de Marcos Pieroni)
O responsável pela obra foi o engenheiro José Francisco Guimarães Filho, mais conhecido por Martins Guimarães.
Segundo dona Vanderléa Morais, que conhece profundamente a história da formação da vila, Martins Guimarães, contada por seu avô, hoje com 90 anos e lúcido, o engenheiro era holandês e usava dois nomes no Brasil. O original, holandês, muito difícil de falar, que nem ela e nem seu avô, lembram o nome. E o em português, Martins Guimarães, mais fácil de lembrar e de ser pronunciado, pelos moradores.
O engenheiro fez carreira na Estrada de Ferro Central do Brasil (EFCB), deixando sua assinatura em diversas estações pelo Brasil. Martins Guimarães foi chefe de tráfego da EFCB, em 1892, posteriormente, chefe de linha, chegando a diretor da Estrada de Ferro Central do Brasil.
Em sua homenagem, a estação de São José dos Campos em São Paulo, recebeu o nome de Estação Engenheiro Martins Guimarães. (na foto acima do Marcos Pieroni, o Rio Jacaré que passa atrás do distrito)
Em Minas Gerais, em Lagoa da Prata, a estação construída pelo engenheiro José Francisco Guimarães Filho, passou a se chamar, Estação Martins Guimarães, em sua homenagem, e por fim, todo o povoado, que cresceu em torno da estação, passou a ser conhecido por esse nome. (foto da foto da estação Martins Guimarães, na década de 1980) Antes da chegada da Estação de Trem em Martins Guimarães, o povoado já existia, bem pequeno. Cresceu com a chegada de várias pessoas e famílias, vindas de diferentes cidades da região, como o próprio avô de dona Vanderléa Morais, que veio, solteiro, de Santo Antônio do Monte, para trabalhar num comércio, fundado pelo italiano, Anielo Greco, na vila. (foto acima e abaixo de @arnaldosilva_oficial) Até os dias de hoje, o trem circula pelos trilhos do distrito, transportando somente cargas. O transporte de passageiros foi encerrado no início da década de 1990.
Com a chegada do trem, a construção da Estação, bem como a venda, o povoado começou a crescer. Casarões em estilo barroco do século XIX começaram a ser erguidos e outros em estilo eclético, característicos do início do século XX. É uma vila tipicamente mineira, com toda beleza e simplicidade dos pitorescos e charmosos cantos de Minas Gerais.
A união dos moradores pela comunidade
Com o fim do trem de passageiros, o distrito sofreu uma estagnação, se reerguendo com a instalação da indústria de cosmético Fashion e com a vinda novos moradores, principalmente de Lagoa da Prata, que começaram a construir casas no distrito para descanso de fins de semana ou mesmo fixar residência, já que a distância do distrito para Lagoa da Prata é de 30 km, com estrada pavimentada. (fotografia acima de @arnaldosilva_oficial)
Percebendo a presença constante de visitantes e turistas, que vinham ao distrito para participarem de eventos religiosos e sociais em torno da Matriz de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, vivenciar um convívio pleno com a natureza, sentir a calmaria e tranquilidade que somente as tradicionais vilas mineiras proporcionam, os moradores de Martins Guimarães sentiram a necessidade de melhorar ainda mais a vila. (foto acima de Marcos Pieroni)
Foi com a união da comunidade que o distrito começou a sofrer mudanças, principalmente na recuperação do casario, que ganhou vida nova com cores vivas, sobressaindo à alegria e beleza do conjunto arquitetônico. (foto acima e abaixo de @arnaldosilva_oficial)
Do mais chique casarão a mais simples casa, seus moradores foram incentivados a cuidar de suas residências, restaurando suas cores originais, melhorando sua calçada, cuidando de sua rua e de sua comunidade.
O resultado é uma melhor qualidade de vida para seus moradores e um aumento significativo de turistas. Como resultado imediato, houve um forte aquecimento da economia local, gerando mais empregos e impostos para o município. Está em fase final de construção uma pousada no distrito, bem como um restaurante, oferecendo mais opções aos turistas. (foto acima e abaixo de @arnaldosilva_oficial)
A maior riqueza de Martins Guimarães é seu povo. Simples, hospitaleiros, gentis, dotados de um amor enorme por sua terra e não escondem nem um pouco a alegria de ver suas casas todas coloridas e sua comunidade bem cuidada.
Estar em Martins Guimarães é sentir toda a beleza vibrante das cores de cada casa e a alegria de seu povo. A sensação é de estarmos num cenário de novela de época, um lugar de sossego, de alegria, de encanto. Natureza, simplicidade mineira, arquitetura barroca e eclética. Simbiose perfeita! (foto acima de @arnaldosilva_oficial)
Reforma da Estação
Uma das relíquias históricas de Martins Guimarães é sua antiga Estação de trem, hoje, abandonada. No local, enormes mangueiras dão sombra e frutos para seus moradores, mas o sonho de cada um que vive na Vila é ter sua velha estação restaurada. (acima, em 1990, com foto de Hugo Caramuru/Arquivo, quando ainda existia o trem de passageiros e abaixo, hoje, abandonada)
Esse sonho pode estar perto de se realizar. Segundo os moradores, a Prefeitura abriu entendimentos com a Rede Ferroviária Federal, proprietária da Estação, para que o prédio seja reformado e possa ser usado pela comunidade.
Ainda está em fase de conversas, mas os moradores torcem por um final feliz e a comunidade possa ter sua estação toda restaurada, se tornando mais um atrativo para os turistas. (foto acima e abaixo de @arnaldosilva_oficial)
A vila de Martins Guimarães, conta hoje com uma charmosa pousada, "O lugar", que serve café da manhã, almoço e jantar, o Barmazém (na foto acima) e tradicionais botecos, em frente a linha de trem, com bancos e mesas sob frondosas mangueiras.