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segunda-feira, 29 de julho de 2019

A história da bicentenária Ponte Queimada sobre o Rio Doce

(Por Arnaldo Silva) Cruzando o Rio Doce, em 200 metros de extensão, entre os municípios de Pingo D´Água e Marliéria, a Ponte Queimada é uma das mais atrativas entradas para o Parque Estadual do Rio Doce, a maior reserva natural de Mata Atlântica de Minas Gerais. A própria ponte, bem, como a estrada, são atrativos turísticos da região, fazendo parte do conjunto paisagístico da área de conservação do Parque do Rio Doce. Sua importância é tão grande que projeto para tombamento da ponte foi apresentado pelo IPHAM em 2018.
          Não é certeza da data da construção da Estrada da Ponte, como é chamada e nem porque foi construída. Acredita-se que tenha sido construída em meados do século 18. Uma das hipóteses para sua construção foi a suspeita de ouro na região do Rio Doce. Como não foi encontrado o metal em grande abundância, passou a ser usada como caminho de viajantes para Ouro Preto e transporte de presos condenados para o presidio de Cuité, em Conselheiro Pena.
          Por esse motivo, a estrada passou a ser conhecida como Estrada do Degredo. Por volta de 1794, a ponte que foi queimada, já que todo seu corpo era de madeira. O motivo do incêndio não foi esclarecido até hoje. Pode ter sido praticado por presos, que se rebelaram e para facilitar a fuga, incendiaram a ponte. Ou pelos próprios policiais que faziam a escolta de presos, temendo emboscadas e ataques surpresas dos comparsas dos condenados. Outra versão diz que a ponte foi incendiada por indígenas para se defenderem dos forasteiros que chegavam à região em busca de ouro. 
          Tempos depois de ser incendiada, por sua importância para a região, foi recuperada e aproveitada como ligação entre Santana do Alfié e Quartel do Sacramento. Com o surgimento de usinas metalúrgicas na região no início do século 20, a necessidade de escoar mais rapidamente a produção se fez necessário. Em 1930 a ponte foi totalmente reconstruída e sua estrutura reforçada. Preservaram os vigamentos de ferro e o corpo de madeira. Concreto dão sustentação às bases e pilares tornando a ponte mais segura. Com o passar do tempo e desenvolvimento industrial da região, bem como surgimento de estradas e linhas férreas e pela estrada englobar uma grande área de reserva ambiental, a estrada da ponte foi ficando perdida no tempo, servindo apenas como ponto de monitoramento ambiental para o Parque do Rio Doce, por estar próximo a uma das entradas do Parque. 
          A estrada da Ponte Queimada foi usada por muito tempo de ligação entre Pingo D´Água e Córrego Novo a Marliéria e Timóteo. Hoje se usa a LMG-759, desde 2012 asfaltada, desafogando o tráfego na antiga estrada da Ponte Queimada, bem como reduzindo o fluxo de pessoas nas imediações da unidade de conservação.
           A estrada da Ponte Queimada faz parte do passado de Minas Gerais. Pela estrada da ponte, um pouco de nossa história pode ser contada. O que se sabe, é que é um das mais antigas travessias sobre o Rio Doce na região, de grande valor histórico para a região. (Por Arnaldo Silva, com fotografias de Elvira Nascimento)

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