(Por Arnaldo Silva) Elaborado pela Arquidiocese de Belo Horizonte, o projeto prevê trem de passageiros ligando Belo Horizonte a Caeté, com estação nesta cidade e os turistas e romeiros, completando o percurso, até o Santuário da Serra da Piedade, em uma locomotiva. (na foto abaixo, do Elpídio Justino de Andrade, na Estação Bracarena)
O objetivo é ligar a fé ao turismo e facilitar a vida dos 500 mil peregrinos que visitam o Santuário de Nossa Senhora da Piedade anualmente. Além disso, reduzirá o tráfego na BR 381, reduzindo o número de acidentes nessa perigosa via. A viagem propiciará aos turistas a vista de belas passagens ao longo do caminho. O trajeto total do percurso de trem, será feito por etapas.
A primeira etapa, que seria a ligação de Caeté ao topo do Santuário por uma locomotiva, teve início em 2019 e concluída em junho de 2021 e já está em atividade, levando romeiros e turistas até o topo da Serra da Piedade. (na foto acima de Padre Miguel Ângelo - Arquidiocese de Belo Horizonte/Divulgação, o topo da Serra da Piedade)
Os romeiros que vem à Serra da Piedade, chegarão até o Santuário de Nossa Senhora da Piedade, de locomotiva. A composição sairá da estação, construída na Praça Antônio da Silva Bracarena, antiga Praça da Cavalhada, (na foto acima de Elpídio Justino de Andrade), e seguirá até o topo da Serra da Piedade, onde está o Santuário. (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade, a locomotiva na estação de em Caeté, de onde sairá, subindo até o topo da Serra da Piedade). O percurso, dessa primeira etapa, será de 2,5 km. (na foto acima, detalhes de um dos vagões, equipados com cintos de segurança e abaixo, a locomotiva e os vagões, fotografados pelo Elpídio Justino de Andrade)
Chamada de Locomotiva da Piedade e popularmente de "Trem da Fé", o novo transporte, facilitará a vida dos turistas e romeiros, que terão mais facilidades para subir à Serra, além de poderem contemplar toda a beleza em 360 graus.
Trata-se de um transporte sustentável, ecologicamente correto e que permitirá a preservação de um dos mais belos patrimônios naturais de Minas, além da conservação do patrimônio natural e arquitetônico da Serra da Piedade. (fotografia acima de Elpídio Justino de Andrade) Isso porque, o acesso até próximo ao topo do maciço rochoso, onde está o Santuário de Nossa Senhora da Piedade, era feito de carro ou van, por uma estrada sinuosa e estreita. (na foto acima do Elpídio Justino de Andrade, a entrada para o Santuário da Piedade)
É no topo da Serra que está a pequena ermida construída no século 18 (na foto acima de Elvira Nascimento), que guarda relíquias de nossa história, como a imagem de Nossa Senhora da Piedade, obra do Mestre do Barroco Mineiro, Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814). A pequena ermida, foi elevada a basílica pelo Papa Francisco. É atualmente, a menor basílica do mundo.
Agora será pela Locomotiva Piedade, uma composição com capacidade para transportar até 100 passageiros, movida a diesel, com motor de um cavalo mecânico modelo Cargo 4331, com motor modelo Série C da marca Cummins, de seis potências com 310 cv, caixa de transmissão automática e puxará 5 vagões, que vieram do Rio Grande do Sul. (fotografia acima e abaixo de Elpídio Justino de Andrade) A locomotiva não é um trem, literalmente falando. Usa pneus e não trafega sobre trilhos. Isso devido a longa subida, até o topo da Serra da Piedade. Da estação em Caeté, até o topo, são 1746 metros de altura. Uma subida e tanto.
A construção da Estação Locomotiva da Piedade, foi aprovada pela Superintendência em Minas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), devido ao valor cultural, ambiental e turístico para Minas Gerais, além de contribuir com a preservação da Serra. Foram gastos R$ 1,07 milhão na obra, com recursos obtidos através de acordo entre Arquidiocese de Belo Horizonte e o Governo Mineiro, através da Secretaria de Cultura e Turismo. (na foto abaixo do John Brandão/@fotografo_aventureiro, mostra a Serra da Piedade e abaixo, ao fundo, Caeté. Agora, com a locomotiva, ônibus, vans e carros, ficarão na Estação em Caeté e os romeiros e turistas, subirão a Serra de locomotiva)
As etapas seguintes seria a ligação até Belo Horizonte, já com trem, mesmo, trafegando sobre trilhos. Da Capital à Caeté, são cerca de 55 km. (na imagem acima com arte de Lelis/Arquidiocese de BH/Divulgação, todo o trajeto e pontos turísticos do percurso do Trem que ligará Caeté a Belo Horizonte) O projeto, elaborado por uma equipe técnica da Arquidiocese de Belo Horizonte, foi apresentado à Secretaria de Turismo e Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iehpa) e Governo de Minas Gerais. Está na fase de contatos com futuros parceiros e estudos. É um processo longo, demorado, mas a possibilidade de se concretizar existe.
Os envolvidos no projeto estão empenhados e engajados na luta para que saia do papel, já que ligará a Belo Horizonte, a um dos mais importantes centros de turismo do Brasil, que recebe cerca de 500 mil visitantes, em média, por ano.
Pelo projeto, o trem sairia da Praça da Estação em Belo Horizonte, passando pela cidade histórica de Sabará (na foto acima do Thelmo Lins), onde os passageiros poderão contemplar belas paisagens pelo caminho e na cidade, conhecer o Santuário de Santo Antônio de Roça Grande, a Igreja de Santo Antônio em Pompéu, as belezas da arte barroca que a cidade oferece e as igrejas de Nossa Senhora do Ó, de Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora do Carmo.
De Sabará o trem seguirá até a Estação Nossa Senhora da Piedade, na Praça Antônio da Silva Bracarena em Caeté, onde o turista poderá conhecer as relíquias da arte barroca da cidade, principalmente a Igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso. (na foto acima do Clésio Moreira, Caeté vista do topo da Serra da Piedade)
Da estação de Caeté, os turistas e romeiros embarcarão na locomotiva, até o topo da Serra da Piedade. Chegando ao Santuário, além do espetáculo da visão, o visitante conhecerá a Basílica de Nossa Senhora da Piedade, cujo altar-mor guarda a imagem da Santa, padroeira de Minas Gerais, obra do Mestre Aleijadinho.
Um dos maiores defensores desse projeto, é o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor de Oliveira Azevedo, até pouco tempo, Cardeal arcebispo da Arquidiocese de Belo Horizonte.
Em declaração ao Jornal O Estado de Minas, em 2019, dom Walmor disse: “A Região Metropolitana de Belo Horizonte guarda tesouros que precisam ser apreciados e valorizados. A arte barroca das cidades coloniais, muitas belezas naturais pouco conhecidas, patrimônios da religiosidade e da história de Minas. É preciso investir para que a fé e o turismo contribuam ainda mais para o desenvolvimento sustentável do estado, da capital e da Grande BH”. Para o religioso, ligar Belo Horizonte ao Santuário da Piedade “é retomar a tradição das viagens feitas sobre trilhos, oportunidade para contemplar paisagens, conhecer regiões a partir de novas perspectivas”.