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domingo, 21 de abril de 2019

Café colonial tem origens nas colônias alemãs

(Por Arnaldo Silva) A cozinha mineira sempre foi farta. Desde os tempos do Brasil Colônia a fartura sempre esteve na mesa dos mineiros. Visitas vão logo para a cozinha e sempre tem quitandas, café, queijo e doces à vontade. O mineiro faz questão de mostrar sua culinária e agradar as visitas, com muita comida. É assim até hoje. 
          O que para nós é comum, mesa farta, vem sendo normal no Brasil hoje, com o nome de Café Colonial. Em eventos sociais, em restaurantes, e pousadas, sempre tem o famoso café colonial. À primeira vista acredita-se que seja uma prática surgida nos tempos do Brasil Colônia, do povo da roça, das cozinhas dos casarões coloniais, mas não é. Não é criação mineira e nem tem origem brasileira. (na foto acima, café colonial fotografado por Gil Santos em Salinas MG)
O Café Colonial tem origem nas colônias alemãs
          A origem do café colonial é do Sul do país. A tradição de preparar cafés e refeições em comunidade foi introduzida no Brasil pelos imigrantes europeus, principalmente alemães, nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e principalmente Santa Catarina, estado de maior concentração de descendentes de alemães no país.
          A tradição no Brasil começou no início do século XIX, quando começou a imigração alemã para o Brasil, a partir de 1824. Imigrantes italianos, ucranianos, húngaros, dinamarqueses e outros povos que vieram para o Brasil também faziam refeições coletivas em suas colônias.
É colonial de colonos 
          Nas colônias, os alemães promoviam encontros semanais em suas comunidades, além dos encontros de família. Nesses encontros, montavam uma enorme mesa com os produtos típicos de seus países de origem como pães, manteiga, queijos, bolos, presuntos, leite, café, chocolate quente, vinho, salsichão, cuca, carne de porco, pato e marreco, roscas, chucrute, biscoitos, doces diversos e outros tantos pratos da culinária alemã e europeia tradicional. 
          Todos os colonos participavam e os produtos eram postos em mesas, geralmente no centro da comunidade. Era o café dos colonos, por isso, passou a ser chamado de Café Colonial.
          Assim surgia o café colonial, com origem nos colonos, oriundos da Europa. Era uma forma de matar saudades de seus países e preservar a culinária e suas tradições de origem.
          Embora tenha o nome de café,  não era bem um café, na expressão literal. Na sua versão original é uma refeição em comunidade para ser degustada a qualquer hora do dia e matar saudades da música, danças e comidas típicas. Tal momento pode ser no café da manhã, no almoço no fim da tarde  ou a noite.
Difusão da tradição europeia pelo Brasil
     A ideia começou a se difundir pelo Brasil e hoje, café colonial é uma tradição nacional e muito comum em Minas Gerais, principalmente em eventos gastronômicos e em hotéis fazendas. (foto acima de Sérgio Mourão) 
          A diferença é que o café colonial mineiro é realmente um café com o objetivo de mostrar e valorizar os produtos artesanais feitos em Minas Gerais.
O que não pode faltar no café colonial mineiro
1 - Café e leite: Valorize o café plantado e colhido em sua cidade, bem como o leite também. Leite cru, fervido é o ideal. Se não tiver cafezais em sua cidade, compre café, mas que seja de Minas Gerais, até porque, o melhor café do Brasil é de Minas. Café bom é aquele torrado e moído na hora, coado em coador de pano e adoçado com rapadura. (na foto acima, café colonial do Espaço Roça em Caetanópolis MG)/Divulgação)
2 - Pão de Queijo e Biscoito de Queijo: Impossível não ter um café colonial em Minas com pão de queijo e biscoito de queijo. São nossas identidades. 
3 - Queijo. Quem vem à Minas ou é de Minas, não resiste ao queijo. Mineiro se ver um queijo rolando morro abaixo, corre para pegá-lo. É uma ofensa para um mineiro não ter queijo num café colonial. Prefira os queijos fabricados em sua cidade.
4 - Doces. Onde tem queijo, tem que ter doce. Não pode faltar doce de leite, de mamão, de figo e claro, goiabada. Não tem quem não resista combinar esses doces com queijo.
5 - Pães e roscas. Faça pão de sal caseiro e coloque na mesa, bem como as roscas de leite condensado, de coco e a famosa rosca Rainha.
6 - Broas. Broa de fubá com queijo é deliciosa demais. As broas de milho no café colonial, por exemplo, broa Caxambu, ninguém vai resistir. As broinhas de fubá de canjica são deliciosas para um café. 
7 - Bolos e Bolinhos. Num café colonial tem que ter bolo, principalmente o bolo de fubá. Esse não pode faltar. Prepare um bolo de fubá na forma tradicional, assado no fogão a lenha, na chapa com brasa. Coloque o bolo na fôrma sobre a mesa.  O cheirinho de fazenda desse bolo é indescritível!
Bolo de mandioca cremoso é ótimo, bem como bolo de farinha de trigo e bolo de cenoura com calda de chocolate.
E os bolinhos? Bolinho de Chuva, bolinho de arroz e bolinho de queijo tem que ter na mesa.
8 - Farofa e Fubá Suado. Mineiro adora farofa. Já ouviu falar do Mineiro de Botas? É uma farofa de queijo. Pode fazer que é bom. Experimente fazer o Fubá Suado. Os mais antigos lembram desse prato. Para o café da manhã dá uma energia enorme.
9 - Biscoitos. Mineiro adora biscoito de polvilho, seja salgado ou doce, frito ou assado. Não pode faltar na mesa.

10 - Milho. O milho faz parte da nossa culinária desde o povoamento do nosso Estado. Milho cozido com manteiga caseira tem que ter. Mingau de milho verde não pode faltar e claro, pamonha nem precisa dizer porque né? 
          Esses 10 itens não podem faltar num café colonial. Prepare uma mesa bem bonita, com forro feito com bordados de sua cidade.  Decore com vinhos, licores, sucos naturais e artesanatos locais. O objetivo do café colonial é mostrar os produtos de sua cidade e região. Uma mesa assim ninguém irá resistir não é? 

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