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segunda-feira, 12 de novembro de 2018

A pedra transformada em artesanato em Minas Gerais

(Por Arnaldo Silva) Por ser bem oleosa em sua superfície, em Minas Gerais é conhecida como pedra sabão. Também por pedra de talco, em outros lugares. É abundante no Estado, principalmente em Ouro Preto e Mariana, sendo retiradas do solo em sua forma bruta, nas suas cores originais que vão do cinza ao verde. Seu nome original mesmo é esteatito, chamada ainda de esteatite ou esteatita.
          A pedra sabão é uma rocha de baixa dureza por conter muito talco na sua constituição, além de vários minerais como magnesita, clorita, tremolita e quartzo, dentre outros. (foto abaixo de Arnaldo Silva de uma pedra sabão bruta, em Santa Rita de Ouro Preto MG)

Pedra resistente, praticamente impenetrável, não sendo afetada por substâncias alcalinas ou ácidas, é resistente a temperaturas extremas, desde abaixo de zero, até 1000ºC, tendo muita facilidade em absorver e distribuir de forma regular o calor. Por essas características, é usada desde a antiguidade para fazer panelas, lareiras e no artesanato, principalmente em Ouro Preto e Mariana, cidades históricas mineira, onde a pedra sabão é encontrada em abundância, sendo usada largamente desde o século XVIII, no artesanato, produção de panelas, estátuas, calçamento de ruas, etc. (na foto acima, de Arnaldo Silva, estátua de Santa Rita, em pedra-sabão, na Igreja de Santa Rita de Ouro Preto MG)
          Um dos exemplos da resistência e durabilidade da pedra sabão, são os trabalhos do Mestre Aleijadinhos, nas fachadas das igrejas históricas mineiras, como por exemplo, os 12 profetas no Santuário do Bom Jesus do Matozinhos em Congonhas MG, (na foto acima de Elvira Nascimento) esculpidos entre 1800 e 1805, submetidos a variações atmosféricas constantes, como chuvas, vento, calor, poluição e umidade, continuam intactas. 
          Por ser uma pedra macia e de baixa dureza, é muito fácil ser esculpida. Por isso é muito usada no artesanato, para fazer esculturas, na decoração de ambientes e utensílios domésticos, como panelas, filtros, taças, canecas, pratos, xícaras, etc. (foto acima de de Arnaldo Silva utensílios domésticos e abaixo, artesanato em Ouro Preto, todos em pedra sabão)
          As panelas em pedra sabão são as mais indicadas na culinária e largamente usadas nas cozinhas mineiras, por ser uma pedra impenetrável, não solta faíscas ou tenha poros. 
          Para seu uso na cozinha, as panelas em pedra sabão tem que ser curadas. (foto acima de Arnaldo Silva em Cachoeira do Campo MG) O processo de cura é simples, bastando passar óleo de cozinha em toda a panela, por dentro e por fora, aquecer por 15 minutos no forno e repetir o processo por 5 vezes, intercalando 3 horas entre cada etapa, sendo que nas duas últimas etapas, deve se cobrir toda a panela com água. Quando estiverem totalmente escuras, estão aptas para o uso. Quanto mais preta a panela em pedra sabão ficar, melhor. Sem a cura, ela desprende o pó de talco, comprometendo o sabor da comida e prejudicando a saúde humana. Já com a cura, todos os poros são fechados, tornando-a resistente a corrosão, impenetrável e nenhum resíduo de talco se desprenderá. (foto abaixo de Chico do Vale)
          A pedra sabão tem uma enorme facilidade de absorver todo o calor produzido pela fonte de energia, seja no fogão a lenha ou a gás, conduzindo rapidamente esse calor e distribuindo-o por igual, através do aquecimento de massa térmica É diferente por exemplo da panela de alumínio, cujo calor é oriundo somente da chama. Na pedra sabão, além da chama, a própria constituição da pedra a transforma por si só numa fonte de calor, cozinhando mais rápido o alimento e se mantendo aquecida por mais tempo, mesmo quando a chama é apagada.

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