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sábado, 4 de agosto de 2018

A origem das cores vivas da arquitetura ouro-pretana

(Por Arnaldo Silva) Quem visita Ouro Preto fica encantado com as cores vibrantes e perfeição das construções coloniais do seu casario e com imponência beleza de suas igrejas. Com a descoberta do ouro na região, a partir de 1713 começaram a chegar centenas de famílias portuguesas e com eles vieram arquitetos, engenheiros e pedreiros portugueses, que deram início a construção de suas casas, todas construídas com as mesmas características dos casarões em Portugal.
          Os construtores que vieram para cá, eram mais que profissionais da construção, eram artesãos e mostravam isso nas suas construções. É difícil não parar para contemplar e fotografar os belos casarões, mesmo os mais simples. Todos tem requinte, beleza, criatividade em todos os detalhes e suas fachadas são verdadeiras obras de arte. (fotografia acima de Thelmo Lins e a abaixo, de @arnaldosilva_oficial, detalhes da Arte Barroca na Igreja de Nossa Senhora das Mercês e Misericórdia)
          Alguns materiais para a construção das casas vieram de Portugal, mas pela demora e alto custo para trazê-los da Europa para cá, os construtores buscaram alternativas locais para concretizarem seus projetos. Os materiais usados para a base das casas eram cal e pedra que era abundante na região. No centro histórico de Ouro Preto as paredes ficam uma parte à mostra, para que o visitante veja como era. Era pedra sobre pedra, principalmente a parte de baixo onde ficavam as senzalas. 
          Não existia a diversidade de tintas como existem hoje. As cores comuns de tintas que existiam era o vermelho, cobalto, ocre, azul, branco e dourado. A base das tintas era a gema de ovo porque os componentes presentes na gema faziam com que endurecesse e fixasse melhor a pintura nas paredes. (na foto acima de Ane Souz, a Praça Tiradentes em Ouro Preto MG)
          Os pigmentos provinham de plantas(anil, assafroa, ipê, mulato, pau de braúna, urucum e sangue de dragão). Usavam também compostos presentes no solo como argila, terras coloridas, cal. Nos rebocos e pisos, usavam-se uma espécie de argila de várias cores conhecida tabatinga. 
          Essa argila proporcionava tintas nas cores branca, amarela e vermelho rosado). Na pintura exterior, usavam um pigmento de carbonato de chumbo (alvaiade) que tornava as pinturas mais resistentes ao tempo. 
          Em sua maioria os casarões eram feitos com tijolos de adobe, que é uma mistura de barro com estrume de gado. A base era de madeira. As construções mais simples eram com armações em madeira e toda barreada. As igrejas eram construídas em pedra bruta. (na foto acima  Ane Souz, a Igreja do Carmo e abaixo de Matheus Freitas, detalhes do casario ouro-pretano)
          O acabamento das casas e igrejas eram no capricho, já que além de construtores, era artesãos e não economizavam o talento, fazendo belas esculturas e detalhes nas fachadas de suas obras.
          Destaque em Ouro Preto, a Igreja do Rosário é totalmente diferente dos padrões das igrejas da época, já que tem um traçado irregular e sua frente, em sentido oval.(na foto abaixo de Marselha Rufino) Essa arquitetura não tem inspiração portuguesa e sim nas catedrais do norte Europeu.
          Esses primeiros construtores que vieram para o Brasil e principalmente Minas Gerais fizeram escola. Com eles surgiram vários outros construtores e artesãos e continuaram a fazer casas, igrejas e outras construções, inspiradas no estilo português. Desses, alguns ficaram famosos e são hoje referência na arte barroca, como Mestre Aleijadinho e o Mestre Ataíde, o maior pintor do período barroco. (na foto abaixo de Arnaldo Silva, o Chafariz do Alto da Cruz, com detalhes do Mestre Aleijadinho, acredita-se que a imagem no topo do chafariz tenha sido o primeiro trabalho do Mestre)
          As obras desses dois artistas estão espalhadas por várias cidades históricas mineiras, principalmente em Ouro Preto. Aleijadinho no início seguia à risca a arquitetura portuguesa, mas aprimorou-se com o tempo e mesclou a linha portuguesa com detalhes de outras arquiteturas, dando vida e personalidade própria à sua arte, hoje identidade arquitetônica mineira. 

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