(Por Arnaldo Silva) No Oriente era chamada de Palanquim. Na Europa, passou a ser chamada de Liteira. Sua origem não é exata, mas acredita-se que tenha surgido no Oriente. Com a expansão do Império Romano a ideia de ser transportado num Palanquim foi adotada pelas personalidades abastadas da Roma Antiga. E ao longo dos séculos a prática foi se expandindo pela nobreza européia e usada largamente. Foi na Europa que passou a ser chamada de Liteira.
A Liteira é um móvel aberto, com janelas, que lembra muito uma cabine, mas bem trabalhada em detalhes, onde eram carregados os abastados das sociedades. É suportada por duas varas laterais. (fotografia acima de Thelmo Lins)
Devido a dificuldade de uso de animais para carregarem as liteiras dentro das vias urbanas, eram usados escravos que faziam o serviço.
Devido a dificuldade de uso de animais para carregarem as liteiras dentro das vias urbanas, eram usados escravos que faziam o serviço.
Se a liteira fosse pequena, dois escravos, um na frente, outro atrás. Sendo maior, quatro, dois na frente e dois atrás.
Os mais ricos tinham suas liteiras próprias. Quando a família não tinha liteira, alugava. Existiam pessoas que compravam várias liteiras e possuíam vários escravos, exatamente para isso.
Seria mais ou menos como uma frota de táxis hoje. Existia um local na cidade onde as liteiras ficavam a espera das pessoas. Tipo um ponto.
Os senhores mandavam os escravos avisarem ao dono da liteira, que mandava a liteira até a residência e ia com a pessoa onde ela quisesse, pagando por isso. Ou mesmo, se estivesse próximo ao ponto das liteiras, contratavam e iam para casa de liteira.
Eram mais usadas em eventos sociais, como apresentações de óperas, teatro ou festas religiosas importantes, onde toda a nobreza estaria presente.
Os senhores mandavam os escravos avisarem ao dono da liteira, que mandava a liteira até a residência e ia com a pessoa onde ela quisesse, pagando por isso. Ou mesmo, se estivesse próximo ao ponto das liteiras, contratavam e iam para casa de liteira.
Eram mais usadas em eventos sociais, como apresentações de óperas, teatro ou festas religiosas importantes, onde toda a nobreza estaria presente.
Quem fabricava as liteiras, não eram meros carpinteiros. Eram artistas. As peças eram bem trabalhadas, em madeira bruta de cedro, com detalhes artísticos e bancos estofados. Um luxo. Mas eram pesadas, devido a toda indumentária e madeira bruta. Ainda tinha o peso das pessoas transportadas pela cidade, no lombo dos escravos. (na foto acima de WDiniz, uma liteira usada em São João Del Rei MG. Era transportada por dois escravos)
As liteiras chegaram ao nosso país na época do Brasil Colônia e foram largamente usadas pela nobreza. Ver liteiras pelas ruas das cidades naquele período, era comum. É como vemos hoje por nossas ruas, táxis e carros de luxo. (na foto acima, senhora na liteira com os escravos ao lado, no ano de 1860 - Marc Ferrez - Acervo do Instituto Moreira Salles)
Quem conhece as cidades históricas mineiras, como por exemplo Ouro Preto, sabe que não são cidades planas. São cheias de ladeiras e andar à pé sem carregar nada já é um sacrifício, imagina carregando um peso desses nas costas. Um luxo, um prazer, uma ostentação em cima de um sofrimento enorme causados aos escravos.
Existia carroças e carruagens como esta acima, de autoria de WDiniz, no Museu de São João Del Rei mas as liteiras, eram sempre as preferidas. Isso se deve pelas dificuldades das carroças carruagens transitarem nas cidades, com ruas estreitas e com calçamento em Pés de Moleque, ou mesmo em ruas de terra.
Além disso, tinha às dificuldades de controle dos animais em vias públicas, além da a sujeira provocada pelas fezes e urina. As liteiras eram sempre a primeira opção, além de ser uma forma de demonstração de riqueza e ostentação da fidalguia da época.
Em viagens longas, a preferência eram por carros de bois, carroças e quem podia, carruagem, que era mais confortável. (na foto acima de Elvira Nascimento, liteira no Museu do Diamante em Diamantina MG)
As liteiras não foram abolidas junto com a escravidão, continuaram mesmo assim, até o início do século XX. Os nobres que tinha suas liteiras, pagavam serem transportados pelas cidades e ainda existia quem tinha "frota" de liteira, para fazer os transportes.
As liteiras não foram abolidas junto com a escravidão, continuaram mesmo assim, até o início do século XX. Os nobres que tinha suas liteiras, pagavam serem transportados pelas cidades e ainda existia quem tinha "frota" de liteira, para fazer os transportes.
Com o surgimento dos carros, a elite passou a se interessar mais por esse tipo de transporte, levando à ociosidade as liteiras, que passaram a fazer parte de museus. Boa parte dessas leiteiras foram adaptadas para serem carruagens, preservando seus entalhes artísticos e luxos, puxadas por cavalos.