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domingo, 8 de abril de 2018

História de infância com manga, banana e leite

(Por Maria Mineira) Uma das crendices mais conhecidas é a da manga! Acreditava-se que ela fazia mal se ingerida com determinados alimentos. Em algumas regiões é manga com leite que faz mal, em outras é manga com banana que mata.
          Durante toda a minha infância eu tive mãe e avós vigiando a mim e aos irmãos, para não comermos a mistura fatal: manga com Banana leite!
          Eu era encarregada de tomar conta dos irmãos mais novos e um dia, puxava meu irmão caçula numa carrocinha de madeira pelos arredores do sítio. Confesso que o fazia em alta velocidade e o pequeno gostava muito! Infelizmente, numa manhã, houve um pequeno acidente. Na pressa, o deixei cair e rolar ladeira abaixo. O terror das mães daquele tempo era o filho “beber o fôlego”, e o danado do menino bebeu! Se engasgou com o choro e quase morreu sufocado.
          Com varinha de marmelo, levei um doloroso corretivo e fui para o quarto escuro do castigo. Me senti injustiçada e planejei a vingança. Friamente fiz todos os cálculos, pensando:
          — Ocêis vai vê... Vô morre aos nove anos e toda famia vai ficá cum tanto, mas tanto pesar e remorso por ter batido e colocado de castigo uma pessoa tão boa!
          Ao receber a ordem para sair do castigo e voltar a pajear o irmão, eu não fui. Me dirigi à despensa, peguei duas bananas prata e comi. Passei na cozinha e tomei um pouco do leite que vi em cima do fogão.
          Como se preparada para um ritual, fui para o fundo do pomar e subi na mangueira mais alta. Estava mesmo decidida a “morrer”! Então, apanhei duas mangas bem doces e maduras e as devorei calmamente. Sem saber o tempo que a morte demoraria para chegar, me acomodei num galho.
          Aos nove anos, nem me lembro se tinha noção do que era morte, mas fiquei lá pelejando para morrer. Passou mais de uma hora, eu ainda vivia. Resolvi mudar de galho, o que eu estava era muito alto, poderia me machucar ao cair mortinha no chão.
          Vi a primaiada brincando lá embaixo. Eles me chamavam:
          — Mariinha larga mão de sê besta, sô! Dêxa pá morrê otro dia...Amanhã é domingo, dia de banho no rio. Desce daí, bamu brincá de pique pega!
          Eu desci e fui brincar. E a partir desse dia, descobri que manga e leite, juntamente com bananas só matam a fome!
          Ê tempinho bão!

Texto de autoria de Maria Mineira de São Roque de Minas com  fotografia de Arnaldo Silva

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