Mas era bem desajeitado e barulhento para as cidades. Com o tempo, surgiram às carroças e carruagens e o carro de bois foi saindo das cidades, ficando restrito a trabalhos nas fazendas e transportes pesados em longas distâncias. Foi no carro de bois que o ouro de Minas foi transportado até Paraty e de lá para Portugal. O Carro de Bois impulsionou a economia do Brasil desde quando foi introduzido no país pelos portugueses. Não tem lugar que o carro de bois não vá. Forte e resistente, o carro de bois transportava nossas riquezas.
Com a ampliação das linhas férreas a atividade de longa distância dos carros de bois praticamente se encerrou, sendo usado basicamente em trabalhos rurais ou para buscar as mercadorias nas estações de trens. Por fim vieram os tratores agrícolas, ônibus, caminhões e carros com carrocerias como picapes e as facilidades para adquiri-los. Com isso, os velhos carros de bois ficaram no abandono e esquecimento, passando a ser somente objeto de enfeites em fazendas. (foto acima de Arnaldo Silva no Engenho do Ribeiro MG e abaixo de Saulo Guglielmelli, desfile de Carro de Bois em São Tiago MG)
Quem conhece o carro de bois lembra com saudades daqueles tempos e do seu choro que lembra uma cantiga de lamentos. Seu som é inesquecível. Faz parte da história e cultura brasileira e mineira. É parte da história e vida de muita gente. A música interiorana, a autêntica música caipira, retrata sempre em seus versos o carro de bois e suas histórias. Festivais do carro de bois
Por seu valor cultural, o carro de bois é homenageado em diversos festivais e encontros, onde se reúnem os últimos usuários e colecionadores desse meio de transporte rústico e simbólico do meio rural brasileiro. (Na foto acima de Wilson Fortunato, encontro de Carreiros em Formiga MG e abaixo de Saulo Guglielmelli, desfile de Carro de Bois em Morro do Ferro, distrito de Oliveira)
Em Minas Gerais, são conhecidos os festivais de carro de boi de Ibertioga, Engenho do Ribeiro, Formiga, Desterro de Entre Riso, Vazante, Congonhal, Matutina, Bueno Brandão, Resende Costa, Pará de Minas, São Pedro da União, Macuco de Minas e outras dezenas de cidades que organizam todos os anos as festas dos carros de bois, com carreatas pelas estradas rurais e nas cidades.
Na arte
Fotografia acima e abaixo de Wilson Fortunato em Formiga MG
Os compositores e cantores sertanejos sempre retratam o Carro de bois e o cotidiano do carreiro em suas composições. Tonico e Tinoco foram os pioneiros e seguidos por uma infinidades de outros artista que cantam e retratam o carro de bois. As canções mais populares e cantadas são Boi de Carro de Anacleto Rosas Jr e Poeira, composição de Luiz Bonan/Serafim C. Gomes, que é um dos clássicos sertanejos mais gravados até hoje. Os Carro de bois voltaram a serem fabricados nas marcenarias ou mesmo nas fazendas do interior mineiro da mesma forma que antigamente, mas em sua maioria, para participarem de carreadas ou decorações de fazendas. Um carro de bois completo, é formado por roda (na foto acima de Luis Leite) Canga, Brocha, Cocão, Fueiro, Mesa, Canzil, Palmatoria, Arreia, Cabeçalho, Cantadeira, Cheda, Recavém, ou requevém e Tambueiro. O acabamento depende da madeira usada e do talento e criatividade dos marceneiros.