Arquivo do blog

Tecnologia do Blogger.

domingo, 16 de março de 2025

Saiba porque o mineiro tem fama de desconfiado

(Por Arnaldo Silva) O mineiro tem como característica ser desconfiado à primeira vista. Essa fama surgiu no início do século XVIII com a presença maciça de aventureiros, viajantes e tropeiros em Mina Gerais. Muitos desses forasteiros tinham a fama de roubarem o bem mais precioso das famílias nativas que viviam nas vilas e fazendas. 
 Na imagem, queijos de Diamantina MG. Registro da Giselle Oliveira 
       Esse bem precioso não era o ouro, já que as minas eram propriedades dos mineradores ricos. O bem mais precioso das famílias mineiras à época era o queijo.
O queijo como escambo
        O queijo servia de escambo. Isso porque dinheiro era raro naquela época. Sem dinheiro, a prática comum à época era o escambo, que é ato de trocar um produto pelo outro, sem usar, moeda. Tropeiros e mascates se concentravam na praça principal das vilas e cidades e trocavam suas mercadorias por queijos e os revendiam nas cidades grandes.
        Trocava-se queijo pelo que não era produzido na vila ou cidade como açúcar, trigo, sal, sapatos, roupas de linho, utensílios domésticos, chapéu, botas, guaiacas, enxadas, foices, latões, esmaltados, querosenes, lamparinas. Enfim, tudo que não era produzido por eles mesmos em suas propriedades, na vila e cidade, trocavam por queijos. Por isso era um bem precioso e cobiçado por forasteiros.
Desconfiança para proteger o queijo
Queijos feitos pelo mestre queijeiro Roberto Soares de São Roque de Minas
        Quando chegava um forasteiro logo já ficavam desconfiados que poderia ser um ladrão de queijos. Bastava chegar forasteiros que o povo todo corria para dentro de suas casas, fechava as portas e janelas e ainda, trancavam o cachorro lá dentro. Trancados em suas casas, ficavam espiando pelas frestas das janelas e portas as pessoas que vieram de fora.
        Não confiavam em ninguém, seja tropeiro, indígena, viajante e paulista, devido aos ranços da Guerra dos Emboabas e do conflito entre mineiros e paulistas em 1720 que culminou com a independência da Capitania das Minas Gerais e expulsão dos paulistas do território mineiro. Enfim, todo não nativo de Minas Gerais, quando chegava, o mineiro já ficava com o pé atrás e corria para dentro de casa com o intuito de se proteger contra possíveis ladrões de queijos.
Da desconfiança para a confiança
Na foto do Arnaldo Silva, rua em São Bartolomeu com a calçada rente às casas
      Quando o forasteiro chegava e tentava contato com os moradores, ficava na porta da casa e o mineiro, trancado dentro de casa, respondendo pelas frestas das portas e janelas.
        Dependendo da boa conversa, logo o mineiro vai pegando confiança, conversando mais e se soltando aos poucos. Mas antes disso, o forasteiro terá que passar por um intenso interrogatório tipo: Cê é fi de quem? Qual a sua graça? Como que ocê vei pará aqui? Que qui cê qué? Perguntam quase que intimando e com cara fechada.
        Nos dias de hoje é assim também, só que a tecnologia ajuda. Pode se falar pelo interfone ou abrir a porta e chegar até o portão. É que antigamente as casas não tinham muro e as casas eram rentes à calçada e geminadas, como podem ver na foto acima.
        Ser tratado assim não é falta de educação e não se sinta mal com isso. É característica do povo mineiro mesmo. Respondendo direitinho as perguntas e com paciência, logo o semblante desconfiado do mineiro se desfaz e ele te recebe de braços abertos.
Como conquistar o coração de um mineiro?
Fotografia de Arnaldo Silva em Cordisburgo MG
        Dependendo da prosa, o forasteiro era convidado a entrar, tomar café com broa de fubá assada na brasa e pão de queijo e também, comer queijo com goiabada, com doce de leite, de mamão ou de figo com a família. Se tiver na hora do almoço, é convidado para sentar à mesa e comer frango com quiabo e angu.
O que não se deve falar a um mineiro
Na foto de César Reis, rua no povoado de Emboabas, distrito de São João del-Rei MG
       Passado essa etapa, evite cometer um “crime bárbaro” perante o mineiro durante a conversa. Não tem coisa pior para um mineiro ouvir é alguém falar mal de Minas, da comida, do queijo, da igreja, da cidade, enfim, nunca fale mal de Minas Gerais na frente de um mineiro. Mineiro é bairrista ao extremo.
        Não compare Minas com nenhum outro estado brasileiro. Se falar mal de Minas ou ironizar nosso sotaque e nossas mineiridades, por educação, ele pode até ficar calado, mas deixará claro no seu semblante que não aprovou o que disse. Pode ter certeza, para o mineiro, o povo Montanhês, Minas é o melhor lugar do mundo.
        Se cometer esses deslizes na prosa com um mineiro, pode ter certeza, não terá perdão e logo todos da rua, da vila, da cidade e da região, saberão do que foi dito sobre a vila, cidade e de Minas. Nesse caso, o melhor a fazer é dar meia volta e voltar para onde vei, o mais rápido possível. Não adianta. Falou mal de Minas, perdeu de vez a consideração e confiança do mineiro, não terá outra chance.
Defesa que virou mineiridade
Fotografia acima de Vinícius Montgomery em Itajubá MG
        Desconfiar de tudo e de todos, passou a ser uma forma de proteção contra os forasteiros mal-intencionados. Essa atitude dos “geralistas das montanhas” ou o Montanhês, como éramos chamados antes do gentílico “mineiro”, se tornou conhecida em toda a colônia.        
        Desde o século XVIII, quem vinha à Minas Gerais era alertado sobre o jeito desconfiado do mineiro. A fama de povo desconfiado do mineiro começou a partir daí. O instinto de proteção dessa época se tornou geral entre os mineiros, se transformando em uma de suas principais características e mineiridades. É uma característica mineira solidificada há mais de 3 séculos e é assim até os dias de hoje.

sexta-feira, 14 de março de 2025

Saiba como identificar o verdadeiro tapete Arraiolo

(Por Arnaldo Silva) Tapete Arraiolo tem origem em Arraiolo, distrito de Évora, em Portugal pelos mãos dos Mouros, grupo muçulmano vindo do Norte da África. Se instalando em Portugal entre os séculos XV e XVI, era talentosos tapeceiros e passaram a exercer seu ofício em Portugal, dando origem assim a uma das mais belas artes em tapeçaria da humanidade. O tapete arraiolo une as técnicas dos bordados e dos famosos tapetes persas.
          Os muçulmanos tem o hábito fazerem refeições sobre tapetes e não sobre mesas. E ainda, usam tapetes para fazerem suas orações. Por isso a tradição de fazer tapetes é milenar entre os povos muçulmanos. (fotos acima de Aridelson Rezende na JR Tapetes de Florestal MG)
          Os tapetes arraiolos são totalmente manuais, feitos sobre uma tela, usando panos lãs, grossos e resistentes para que os fios que dão formato ao tapete possam ser contados. São usados pelos tapeceiros fios de diferentes cores, o que torna o tapete único. Nenhum tapete arraiolo é igual ao outro.
          Ter um tapete Arraiolos em casa é ter uma arte finíssima, chique, que dá vida e mais conforto às residências. É sinal de cultura e bom gosto. Embora as chances de comprar tapete Arraiolos originais sejam bem grandes, já que é uma arte relativamente cara, totalmente artesanal, feito a mão, por isso ser pouca possibilidade de reprodução em série, devida a complexidade da arte, mas pode existir esses tapetes não artesanais, feitos ind
ustrialmente. (foto abaixo de Aridelson Rezende em Florestal MG
Dicas para certificar-se de que esteja adquirindo um tapete original
- Arraiolos legítimo você encontra em Portugal, o país de origem dos tapetes Arraiolos, no século XVI.
          No Brasil você encontra nas cidades mineiras de Diamantina, Florstal e Passa Tempo, podendo adquiri-los diretamente nas lojas dos artesãos, sites de vendas online locais ou por encomenda. 
- Desconfie se encontrar um tapete com linhas e pontos exatos e apalpe os tapetes. Isso porque são feitos à mão e passando os dedos entre os desenhos e pontos, poderá perceber relevos nos detalhes. Nos tapetes industriais são lisos os desenhos.
- Os pontos e detalhes geralmente apresentam irregularidades, já que são feitos durante dias, com bordados a mão.
- Tapete Arraiolos é feito de lã pura, toque e sinta se é de lã, cheire também.- Por serem feitos artesanalmente, totalmente a mão, não é um tapete barato, até porque, dependendo do tamanho do tapete, uma única peça sua confecção consome vários dias para ser feita ou até semanas. Os preços variam muito da localidade onde é produzido e geralmente cobrado por metro. Desconfie de tapete Arraiolos baratos. (foto abaixo de Giselle Oliveira em Diamantina)
Uma arte que é única
          Por fim, prestigie o artesanato original de sua cidade, de Minas Gerais, feito pelas mãos dos nossos talentosos artesãos. Além de adquirir uma arte original única, já que nunca uma peça feita à mão é igual à outra, você estará preservando a tradição, ajudando as famílias dos artesãos, gerará impostos, riquezas para os municípios e estará incentivando a preservação de nossas tradições seculares.

A tradição dos tapetes Arraiolos de Florestal

(Por Arnaldo Silva) Tapete Arraiolo tem origem na vila de Arraiolo, no distrito de Évora em Portugal, entre os séculos XV e XVI. A arte chegou à Portugal pelas mãos dos tapeceiros Mouros, grupo muçulmano com origens no Norte da África, onde viviam. Deixaram a África e se instalaram na Sicilia, Malta, parte da França e em cidades e vilas portuguesas como Lisboa e Arraiolo.
          A presença dos Mouros em Arraiolo deu nome a uma das mais belas e impressionantes artes da Idade Média, valorizada até os dias de hoje. Os tapetes são feitos à mão, usando tela de linho, estopa, juta, fios de lã e tecidos resistentes e grossos, que permita contar os fios facilmente. Usando a técnica chamada de Ponto dos Arraiolos, as peças combinam bordados e tapetes, inspirados nos famosos tapetes persas. (fotos acima: cidade: WDiniz. Tapetes: Aridelson Rezende)
          A arte medieval de confeccionar tradicionalmente tapetes Arraiolos está presente na cidade de Florestal MG.
A cidade
          Florestal conta com cerca de 8 mil habitantes e está a 68 km de Belo Horizonte, com acesso para a BR-262, sentido Triângulo Mineiro. A cidade tem origens no século XIX e seu nome era Guarda-Mor Salles. (fotos acima de WDiniz)
          O nome era em homenagem a seu primeiro morador, Salles, conhecido como Guarda-Mor Salles. Guarda-Mor era título colonial de comando tropas, mas Salles chegou à região como capitão-do-mato. Caçava escravos fugidos de fazendas na região. Guarda-Mor Salles era como preferia ser chamado. Se instalando na região em 1845, à esquerda do Rio Paraopeba, deu origem a formação de um povoado que recebeu seu nome, Guarda-Mor Salles.
          Em 1911, o povoado foi elevado a distrito, subordinado a Pará de Minas, mudando o nome de Guarda-Mor Salles, para Florestal, devido as grandes florestas que existiam na região. Em 1962, Florestal foi elevada à cidade.
          A cidade se destaca pelo seu charme, boa estrutura urbana e boa qualidade de vida, além de contar com belíssimas fazendas coloniais como a Fazenda Cachoeira onde nasceu o ex-governador de Minas, Benedito Valadares (a fazenda nas fotos acima do WDiniz) a , Fazenda Santa Rita, Fazenda Mulatas, Fazenda Ribeirão do Ouro e Fazenda Boa Esperança (nas  fotos abaixo do WDiniz).
          Além de uma imensa área de preservação ecológica, possui um campi da Universidade Federal de Viçosa e mantém viva a tradição de fazer tapetes arraiolos.
A arte de fazer tapetes Arraiolos de Florestal
          A arte chegou à cidade nos anos 1970, através dos imigrantes portugueses Dona Ana e seu filho, Carlos Romeiro. Começaram a fazer os tapetes, até então novidade na cidade e região,  com a arte e requinte, chamando a atenção e o interesse de várias pessoas adquirir e também em aprender o ofício. (fotos acima e abaixo de Aridelson Rezende na JR Tapetes)
          Assim começou a popularizar-se a arte dos tapetes Arraiolos em Florestal, se tornando tradição entre várias famílias que de dedicaram ao ofício na cidade desde os anos 1970. (foto acima do Aridelson Rezende)
JR Tapetes
            Entre os talentos na arte de fazer tapetes em Florestal se destaca Jhoanes Rodrigues da JR Tapetes (na foto acima do Aridelson Rezende), que aprendeu a arte de fazer Arraiolos aos 10 ano, com sua mãe, Dona Palmira. 
          Além da técnica original portuguesa, dotado de grande talento e criatividade, aprimorou a técnica passou a fazer seus próprios desenhos de tapetes, criando um tapete único, com identidade própria. São tapetes finos, sofisticados, cuja beleza e riqueza dos detalhes, impressiona. (foto acima e abaixo do Aridelson Rezende, o tapete e o selo de origem do JR Tapetes, de Florestal MG)
          Os trabalhos da JR Tapetes podem ser conferidos no site: jrtapetes.com.br ou pelo whastsapp: (31) 99812-2159

quinta-feira, 13 de março de 2025

Bolo ladrão

Bolo Ladrão, "Spitsbuubkuchen" na língua Pomerana, é um bolo tradicional da comunidade Pomerana do Espírito Santo e da Vila Neitzel, em Ituêta MG, Vale do Rio Doce. O nome é devido ao formato em quadrado que lembra grades de uma prisão.
Ingredientes
. 7 ovos
. 500 gramas de margarina ou manteiga
. 800 gramas de açúcar
. 2 colheres de sopa de fermento
. 1 pitada de sal
. Suco de 2 limões galego (opcional)
. 500 gramas de polvilho doce
. 1 kg de trigo( colocar o trigo aos poucos até dar o ponto)
. 1 kg de goiabada derretida
Modo de preparo
- Em uma vasilha, coloque o açúcar, o ovo e a manteiga e mexa até que ficar bem homogêneo.
- Acrescente o leite à mistura, o fermento, o suco do limão, se preferir.
- Mexa mais e vá despejando aos poucos a farinha de trigo. 
- Vá colocando o trigo e sovando até que a massa fique firme, lisa e desgrudando das mãos. 
- Unte uma forma com manteiga e farinha de trigo e espalhe uma parte da massa.
- Agora passe a goiabada sobre a massa derreta.
- Em seguida, faça tirinhas com o restante da massa e espalhe sobre a goiabada derretida na horizontal e vertical deixando dois dedos de espaço entre cada, formando quadrinhos.
- Leve ao forno pré-aquecido a 180 graus e deixe assando até que fique dourado.
- Espere esfriar, corte a seu gosto e sirva.
Fotos de Vanderleia e Rafaela Bulll com receita fornecida pela Verônica Bul de Itarama/ES.

terça-feira, 11 de março de 2025

A arte de fazer tapetes Arraiolos em Passa Tempo

(Por Arnaldo Silva) A técnica muçulmana de confeccionar tapetes, conhecida por Ponto dos Arraiolos, é uma das mais antigas da humanidade. São tapetes feitos à mão, usando técnicas artesanais com desenhos intricados e alta qualidade artesanal, bordados com pontos cruzados oblíquos.
Fotos fornecidas por Adriano Van Vaar
        A tradição surgiu em Portugal no século XVI ou XVII, introduzida no país pelos Mouros, nome dado aos povos islâmicos que invadiram a Península Ibérica, a Sicília, a Malta e parte da França, durante a Idade Média, vindos do Norte da África. Em Portugal, os Mouros se estabeleceram em cidades portuguesas, como na vila de Arraiolo, de Évora de Évora. Como eram tapeceiros experientes, os tapetes em pontos feitos pelos Mouros assimilou o nome do lugar, chamando de Ponto do Arraiolo e as peças sendo chamadas de Tapete Arraiolo. São peças únicas, requintadas e de alto valor comercial.
Foto acima fornecida por Adriano Van Vaar em Passa Tempo MG
        Algumas cidades mineiras fazem tapetes Arraiolos usando a tradicional técnica Medieval dos Mouros, da mesma forma que na Idade Média, manual e totalmente artesanal.. Entre essas cidades, se destaca Passa Tempo MG.
A cidade de Passa Tempo
Fotografias de Saulo Guglielmelli
        Passa Tempo, charmosa, atraente e pacata cidade da Região Oeste de Minas, com 8.500 habitantes. Faz divisa com os municípios de Oliveira, Carmópolis de Minas, Desterro de Entre Rios, Piracema e está a 143 km distante de Belo Horizonte com acesso pela Rodovia MG-270.
Origem da cidade
Fotografias de Saulo Guglielmelli
        No século XVIII a região onde é Passa Tempo era ponto de descanso de bandeirantes e tropeiros por ser considerada por eles próprios, um local aprazível para "passar tempo". Era uma parada para passar o tempo enquanto os animais descansavam. Por esse motivo, o lugar passou a ser conhecido como Passa Tempo. Neste local foi se formando um pequeno povoado, elevado a distrito de 1832, subordinado a Oliveira, elevado a vila em 1911 e por fim, à cidade emancipada em 10-09-1925.
Tradições seculares
        A cidade preserva as tradições seculares como a religiosidade, folclore, gastronomia e também sua arquitetura barroca, presente no seu centro urbano e em fazendas coloniais, como a Fazenda Campo Grande. Passa Tempo (nas fotos acima do Saulo Guglielmelli) e Fazenda Araújos (nas fotos abaixo do Saulo Guglielmelli). Passa Tempo é uma charmosa cidade histórica mineira.
        Além disso, Passa Tempo é conhecida por ser a terra onde nasceu Antônio Faleiro, ufólogo renomado no Brasil e exterior, autor de vários livros sobre Ufos no Brasil, além de especialista no estudo do folclore brasileiro e ovnis.
O começo da tradição de fazer tapetes Arraiolos
Fotografia fornecida por Adriano Van Vaar
        A arte de fazer tapetes Arraiolos foi introduzida na cidade em 1977, pelo Padre Irineu Leopoldino de Souza, O padre foi transferido de Diamantina MG, para Passa Tempo. Por participar e conhecer o projeto dos Tapetes Arraiolos em Diamantina, introduzido na cidade em 1975 em parceria com a Igreja e casal tapeceiros portugueses, que vieram de Portugal especialmente para ensinar a arte da fazer tapetes Arraiolos.
        Em Passa Tempo, padre Irineu percebeu um grande potencial na cidade para fazer esses tapetes Arraiolos e desenvolveu o projeto diamantinense em Passa Tempo.
Tapeceira de Passa Tempo MG. Foto fornecida por Adriano Van Vaar
        Mesmo com a posterior transferência do padre da cidade, a arte de fazer tapetes continuou, isso porque a ideia evoluiu, teve grande aceitação popular, cujo ofício foi passado de mãe para filha e muitos ensinavam uns para os outros. As tapeceiras podem ser vistas nas na cidade, expondo e desenvolvendo sua arte.
Fotografia fornecida pelo Adriano Van Vaar
        Esse interesse pela arte de fazer tapetes Arraiolos foi tão grande na época que se tornou tradição na cidade, gerando renda para as famílias. Atualmente o ofício é praticado por poucas tapeceiras, organizadas na Associação das Tapeçarias e Artesanatos de Passa Tempo (ATAPT), que visa manter a tradição e unir as tapeceiras e tapeceiros da cidade.
Fotografia fornecida pelo Adriano Van Vaar
        Passa Tempo é hoje conhecida no Oeste de Minas como a “Terra dos Tapetes Arraiolos”, pela diversidade de sua produção, criatividade e talento de seus artesãos e artesãs na arte de fazer tapetes Arraiolos.
        Os tapeceiros e bordadeiras da cidade sentem orgulho de exercerem a arte da tapeçaria, contribuindo com a história da cidade e de suas próprias, que tiveram parte de suas vidas e histórias dedicada ao amor à arte de fazer tapetes.

sábado, 8 de março de 2025

Pão tradicional de abóbora moranga

Ingredientes 
. 3 xícaras (chá) bem cheias de abóbora moranga (conhecida também por Cabotiá) cozida e amassada;
.1 xícara (chá) e 1/2 de açúcar
. 1 xícara (chá) de leite morno
. 2 colheres (sopa) de fermento biológico granulado para pão
. 10 colheres de manteiga ou se preferir 3/4 de xícara de óleo
. 2 ovos grandes
.1,5 kg de farinha de trigo + ou - (usar até estar no ponto de despregar das mãos)
.1 colher rasa de sal
Modo de preparo
- Em uma vasilha, coloque o açúcar, o leite, o sal, o fermento e misture bem;
- Feito isso, acrescente o restante dos ingredientes e comece a sovar. Sove bastante;
- Cubra com um pano e deixe descansando por 30 minutos;
- Após esse tempo, faça os moldes dos pães, coloque-os em forma já untada com manteiga e farinha, cubra com um pano e deixe descansando por 1 hora;
- Depois desse tempo, leve para assar em forno pré-aquecido a 180°C por cerca de 45 minutos ou até que fiquem dourados.
Fotos de Edson Borges de Sete Lagoas MG. 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Charretes elétricas substituem charretes puxadas a cavalos em Minas

(Por Arnaldo Silva) As charretes puxadas a cavalos, tradicionais nas cidades históricas e estâncias hidrominerais mineiras, vem aos poucos sendo substituídas por charretes elétricas.
        Cidades como Poços de Caldas, Lambari, Caxambu, São Lourenço e mais recentemente, Tiradentes (nas fotos ilustrativas), vem se empenhando em substituir os veículos de tração animal por charretes elétricas.
        A iniciativa mineira segue uma tendência mundial, iniciada em Bruxelas, na Bélgica, que aboliu de vez os passeios feitos em carruagens para entretenimentos de turistas. A tendência se espalhou por cidades europeias, chegando ao Brasil. Petrópolis, no Rio de Janeiro, foi a primeira cidade brasileira a substituir as carruagens e charretes por carruagens elétricas, uma alternativa ecologicamente correta, já que esses veículos usam energia limpa.
Foto do cavalo de Robson Gondin e segunda, Divulgação em Tiradentes MG
               Além disso oferecem mais conforto e segurança aos turistas, reduz risco de acidentes relacionados com animais, preserva o patrimônio histórico, facilita a inclusão social, a sustentabilidade e ainda preservam o charme as características das charretes puxadas por animais, além de harmonizarem com a arquitetura local.
Por que abolir as charretes puxadas a cavalos?
        A decisão visa atender apelos de entidades de defesa dos direitos dos animais, de turistas e moradores locais, que viam na prática tradicional, um caminho ao contrário da sociedade atual, hoje voltada para proteger o bem-estar e saúde dos animais. Diante de novas opções de passeios e entretenimentos de turistas como as charretes elétricas, o uso de cavalos puxando charretes, apenas para divertimentos e passeios de turistas, foi vista como desnecessária e inaceitável para este século.
        Isso porque, segundo os ativistas da causa animal, o fim dos veículos de tração animal para fins turísticos, submetia os animais a condições climáticas adversas como chuva, sol e frio, além de longas jornadas de trabalho, falta de descanso e alimentação adequadas e ainda puxavam peso por ruas calçadas com pedras e paralelepípedos. O mau cheiro exalados devido o suor dos animais, as fezes deixadas pelas ruas, a urina e emissão de gases, são outros fatores apontados pelos ativistas que protestavam contra a manutenção dessa atividade.
        Esse conjunto de situações gerava um impacto negativo para as cidades que mantinham essa prática em nome da tradição, afirmam os que se opunham ao uso de charretes puxadas por animais.
Busca por soluções
        Com toda essa situação, representantes do Ministério Público, Prefeituras, Câmara de Vereadores e entidades representativas dos charreteiros, se reuniam em busca de um acordo em comum que visasse a preservação da atividade, bem como o bem-estar dos animais, mas também dos charreteiros, que tem nessa atividade, sua fonte de renda e sustento.
        Alternativas compensatórias, destino dos animais, capacitação dos que optaram por permanecer na atividade e facilidades na aquisição das charretes elétricas para os que optassem em continuar na atividade foram os temas abordados. O objetivo era chegar a uma acordo que atendesse a tendência mundial para o fim dessa atividade e garantir emprego dos charreteiros bem como a atividade turística.
        Assim surgindo acordos para substituição gradativa das charretes puxadas a cavalo para charretes elétricas.
Diferença entre charrete e carruagem  
        As cidades europeias tem como tradição o uso de carruagens, que são veículos com com quatro rodas, estrutura de madeira, ferro, cobertura, portas, janelas, bancos e adornos luxuosos, puxadas por dois ou 4 cavalos. São usadas até os dias de hoje pelas monarquias europeias. Já a charrete é um veículo de tração animal menor que as carruagens, bem mais simples, com estrutura em madeira e de duas rodas, puxadas geralmente por um cavalo, com cobertura e bancos. Charretes elétricas
        Em Minas Gerais, são as charretes que predominam nas cidades históricas e estâncias hidrominerais, que usam esse tipo de veículos para passeios turísticos.
        O projeto desses veículos teve como inspiração os automóveis elétricos desenvolvidos no final do século XIX, na Europa e Estados Unidos. Tem a frente que lembra os primeiros "fords" e a parte traseira lembrando as atuais charretes.
        As charretes elétricas são charmosas, silenciosas e livres de emissões de gases, o que garante um ambiente agradável e bastante saudável. A preferência por esse tipo de modelo é para manter o romantismo e charme tradicional das cidades históricas e estâncias hidrominerais, além de se parecerem muito com as charretes puxadas por animais. É uma mistura de tecnologia com o glamour das construções históricas dessas cidades.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

A cidade mineira que mantém forte conexão com os Estados Unidos

(Por Arnaldo Silva) Com população 258 mil, segundo Censo do IBGE em 2022, Governador Valadares está entre os 10 mais municípios populosos de Minas Gerais. Dotado de boa estrutura urbana, bom setor de serviços e economia diversificada, com comércio e indústrias de pequeno, médio e grande portes, atuando na cidade, o município localizado no Vale do Rio Doce, a Leste de Minas e distante 320 km da capital é um dos mais desenvolvidos de Minas Gerais.
Foto: Zano Moreira
Origem da cidade
        O povoamento no Leste de Minas teve início no século XIX através da exploração da agricultura e recursos minerais. Pequenos arraiais foram surgindo, crescendo e ampliado a partir de 1910, quando foi inaugurada a ferrovia Vitória Minas, com criação de estações ao longo de seu trecho.
        Uma dessas estações foi construída no vilarejo de Figueira do Rio Doce, povoado que deu origem a Governador Valadares. Elevado a distrito em 1937, Figueira do Rio Doce foi elevado à cidade emancipada em 30 de janeiro de 1938, passando a adotar, em 17 de dezembro desse mesmo ano, o nome de Governador Valadares em homenagem a Benedito Valadares Ribeiro, governador de Minas Gerais entre 15/12/1933 a 4/11/1945.
Atrativos urbanos e naturais
Fotos: Sérgio Mourão/@encantosdeminas
        Além de se destacar na mineração, a cidade é famosa em todo o mundo por possuir condições climáticas e geográficas ideais para a prática de voo livre, parapente e asa-delta. Por esse motivo, Governador Valadares é reconhecida mundialmente pela prática desses esportes, sendo considerada a capital mundial do voo livre. Do alto do Pico do Ibituruna, amantes do voo livre, asa-delta e parapente, saltam, sobrevoando a cidade e colorindo o céu valadarense. (fotos acima de Sérgio Mourão/@encantosdeminas)
 Foto acima: A Cardo - Por Zano Moreira
       Além disso, a cidade tem outros atrativos históricos, urbanos e naturais. Entre os destaques históricos, destaque para a Maria Fumaça e a Açucareira, indústria de açúcar e álcool da Companhia Açucareira Vale do Rio Doce (CARDO), empreendimento da Cia Belgo Mineira, produzindo açúcar e álcool para o mercado interno e exportação. A usina funcionou entre 1948 a 1978. 
Foto: Elpídio Justino de Andrade
        Além disso, tem o Rio Doce que banha acidade, o Pico do Ibituruna, a Ilha dos Amores, a Lagoa do Pérola, o Parque Natural Municipal, o GV Shopping, o Museu da Cidade, o Science Park, o Teatro Palavra Viva, o Teatro Atibaia, a Praça da Estação Ferroviária, o Centro Cultural Nelson Mandela, o Santuário Santa Rita de Cássia, a Cachoeira Véu da Noiva, a Cachoeira do Porto, o Parque Estadual Vale do Rio Doce, a Praça do Imigrante, além de bares, lanchonetes, sorveterias, cervejarias e restaurantes que oferecem ótimas opções aos moradores e visitantes, bem como uma rede hoteleira que atende a todos os gostos e bolsos.
A formação de Valadares
Fotos: Sérgio Mourão/@encantosdeminas
        Desde sua origem, no século passado, Governador Valadares teve como base em sua formação a migração. Com a mineração e presença da Estrada de Ferro Vitória Minas, a cidade recebeu um constante fluxo migratório, vindos de várias regiões mineiras e também de descendentes de italianos e alemães, boa parte vindos do vizinho estado do Espírito Santo, bem como os povos nativos, já que a região teve forte presença de povos indígenas até o início do século XIX. 
        A presença dos migrantes de origem europeia e mineira, além das tradições indígenas da região, contribuiu com a sua formação cultural, religiosa, folclórica, arquitetônica e histórica, sendo esses povos a base da identidade do município.
A origem da conexão de Valadares com os Estados Unidos
Boston/USA - Fotos: Norma Suely Bittencourt
        Governador Valadares tem uma forte conexão com os Estados Unidos e não é recente. Essa conexão começou durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Nessa época, Governador Valadares começou a receber um grande fluxo imigratório de americanos para a cidade. O interesse dos Estados Unidos por Governador Valadares foi devido a descoberta de jazidas de mica, na região.
        Esse mineral, também chamado de malacacheta, é essencial para a indústria elétrica, eletrônica e de aviação, além da indústria de cosméticos, na construção civil, em eletrodos para solda, cerâmica, lubrificantes de poços de petróleo, capacitores, transistores, caldeiras de vapor e na produção de tintas. À época, o maior produtor de mica era a Índia, mas um forte bloqueio naval da Alemanha, durante a Segunda Guerra, interrompeu o comércio de mica. Por isso, os aliados tiveram que buscar o mineral em outra região.
        Com a descoberta de jazidas de mica em Valadares, a região mineira se tornou ponto estratégico para os interesses dos países aliados, principalmente dos Estados Unidos. Por esse motivo que os americanos se estabeleceram na região, dando início a exploração e beneficiamento da mica, além de abrirem estradas estradas utilizando veículos próprios para o transporte da carga, além de jipes, pouco conhecidos no país, à época.
Contribuição para a saúde e saneamento básico
Foto: Zano Moreira
        Além disso, a presença americana em Governador Valadares foi de grande importância para o crescimento e desenvolvimento da cidade, como exemplo, na área de saneamento básico com construção de redes de água e esgoto, praticamente inexistentes à época, além de darem apoio financeiro e tecnológico aos serviços de saúde pública, como o Serviço Especial de Saúde Pública, que apoiou as iniciativas americanas na área de saúde.
        Os americanos introduziram, na cidade, tecnologias de ponta dos Estados Unidos nas áreas de saúde e saneamento básico, na época. Como resultado concreto, a iniciativa americana contribuiu para a erradicação de doenças no Vale do Rio Doce, como a febre amarela e malária.
        A Companhia Vale do Rio Doce, à época uma empresa estatal, contou com suporte financeiro e apoio técnico dos Estados Unidos para a exploração e transporte do minério de ferro. Os americanos reformaram ainda a Estrada de Ferro Vitória Minas, visando o escoamento da produção de mica. Getúlio Vargas, então presidente da República, firmou acordo com os americanos para que a estrada fosse reformada.
        A mica exportada a partir de Governador Valadares foi volumosa e intensa. As cifras são altas. Mais de 80% da mica usada na Segunda Guerra Mundial saiu de Minas Gerais.
Decadência da mineração
Foto: Elvira Nascimento
        A extração de mica e presença dos americanos na cidade, contribuiu para um enorme salto no desenvolvimento econômico e industrial na cidade. Paralelo a mineração, siderúrgicas e serrarias começaram a se instalar na cidade, além de aumentar o número de moradores da cidade de forma rápida. De 80 mil moradores em 1960, a população saltou para124 mil em 1970.
        Na década de 1960, a extração de mica na cidade começa a declinar, devido a riqueza que movimentava a cidade vinha de recursos naturais. De tanto retirar da natureza, as minas de mica começaram a exaurir, além do desmatamento causado pela extração do mineral, reduzindo a capacidade produtiva do solo.
        Com isso, os americanos começaram a deixar a região, deixando um legado cultural, econômico, tecnológico, cultural e histórico na cidade. Com o fim da exploração da mica e sem os investimentos americanos, a economia da cidade começou a entrar em declínio, com significativo aumento do desemprego.
Em busca do "Sonho Americano"
        Pelo que conheciam e ouviam dos americanos falarem dos Estados Unidos, o interesse dos valadarenses em viver nesse país cresceu, devido a situação econômica da região, à época. A partir da década de 1960, começa de fato a imigração de valadarenses para os Estados Unidos. Foram em busca do tão falado “sonho americano”.            Uma parte foi para estudar e conhecer a cultura local, mas a maioria, foi em busca de uma vida melhor para suas famílias. Iam com o intuito de juntarem dinheiro, mandar para suas famílias, investirem em imóveis e negócios próprios para enfim, voltarem à sua terra. Não imigravam para ficar ou se naturalizar. A imigração era individual, geralmente um membro da família ia e mandava dinheiro para seus parentes que ficaram em Governador Valadares.
        O rápido crescimento financeiro e a facilidade de arrumar emprego na América, à época, fez com que o número de valadarenses que imigravam para os Estados Unidos crescesse substancialmente nas décadas de 1970 e principalmente na década de 1980, quando a imigração aumentou muito, devido a grave crise econômica no Brasil naquela década. Nos 1980, Governador Valadares se tornou o maior fornecedor de mão de obra para os Estados Unidos.
        Não só isso, as notícias de uma vida melhor na América com ganhos muito superiores ao que recebiam no Brasil, incentivou mineiros das cidades vizinhas e de outras regiões mineiras a fazerem o mesmo.
        Na década de 1990, as restrições à imigração para os Estados Unidos começaram a ficar mais duras, fazendo com que brasileiros que desejassem buscar uma vida melhor no exterior, buscassem outros países como Portugal, Reino Unido, Austrália, Canadá, dentre outros para darem uma vida melhor aos seus familiares.
        No século XXI, percebe-se uma mudança no comportamento dos imigrantes. Antes um membro da família imigrava para juntar dinheiro, investir na sua cidade e voltar. Nesse novo século, vão para ficar e ainda, levam suas famílias, inclusive crianças, juntos. Com o tempo, se naturalizavam, recebiam dupla cidadania e ficavam de vez.
A cultura da imigração e o fenômeno "Valadólares"
New York, Milford e Bosto. Fotos: Norma Suely Bittencourt
        A influência americana em Governador Valadares não se limita ao período da guerra e nem ao grande número de valadarenses que imigraram para os Estados Unidos em busca do “Sonho Americano”. Essa ligação com origens na década de 1940, moldou a identidade cultural, econômica e histórica da cidade, formando uma forte conexão entre Governador Valadares e os Estados Unidos.
        Desde a origem da imigração, os dólares que os valadarense enviavam para seus parentes na cidade, movimentava a economia de Governador Valadares e contribuía para o seu desenvolvimento e crescimento. No auge da imigração, 1970 e 1980, o dólar era a moeda que mais se ouvia falar na cidade à época. Por esse motivo, até os dias de hoje, Valadares é chamada de “Valadólares”. Nos anos 1980 era difícil não se encontrar alguém que não tinha ao menos um parente vivendo nos Estados Unidos.
Homenagem aos imigrantes
        A cidade valoriza sua ligação com os Estados Unidos, bem como a contribuição dos imigrantes valadarenses para a cidade, homenageando-os com uma praça. A Praça dos Imigrantes é o símbolo da formação da identidade cultural e econômica de Governador Valadares.
        Os valadarenses se orgulham da história que seus conterrâneos e parentes construíram nos Estados Unidos e na cidade, ao longo de décadas. Por isso mesmo, a cidade mantém uma forte conexão com esse país, através da língua, da gastronomia e da cultura americana, formada durante décadas de imigração dos valadarenses para a América.      

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *

Facebook

Postagens populares

Seguidores