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domingo, 20 de abril de 2025

Berizal: origem, cultura, natureza e tradições.

(Por Arnaldo Silva) Berizal é uma pequena, pacata e charmosa cidade mineira localizada no Norte de Minas, na microrregião de Salinas, distante 749 km de Belo Horizonte. O município faz limites territoriais com os municípios de São João do Paraíso, Taiobeiras, Águas Vermelhas e Curral de Dentro. Segundo Censo do IBGE de 2022, o município conta com 4.201 habitantes.
        Seu povo é simples, acolhedor e hospitaleiro. A cidade é bem cuidada e dotada de uma boa estrutura urbana, com um pequeno e diversificado comércio e um bom setor de serviços. A fruticultura, a Agricultura Familiar e o plantio de eucaliptos, formam base da economia da cidade. (foto acima de Duva Brunelli)
Origem
        O povoado que deu origem a Berizal, foi formado por escravizados foragidos e libertos da escravidão, no século XIX. Foi formado em torno de uma pequena ermida construída de tijolos de adobe, com base em pedra bruta e vigas em madeira da região. (foto meramente ilustrativa - autoria: Thelmo Lins)
        A ermida foi dedicada a São Sebastião em terras doadas por dona Clementina, ex-escravizada que recebera as terras como herança de seu pai. O casario original do povoado era formado por casas bem simples, de enchimentos e cobertas por palhas, sem nenhum conforto.
Origem do nome
        O pequeno e simples povoado foi chamado de Curral de Varas, passando a se chamar posteriormente de Berizal por sugestão do padre Jaime Ferreira, à época pároco da cidade de Pedra Azul MG. (foto acima de Elpídio Justino de Andrade)
        Nas proximidades do povoado existiam brejos e arrozais. “Beri” era como os escravizados chamavam os brejos e “zal”, são as 3 últimas letras de arrozal. O padre juntou as duas palavras e denominou a localizada de Berizal. Região de terras boas e férteis, permitia que seus moradores vivessem do cultivo do arroz, mandioca, feijão, frutas, verduras e da criação de animais. Além disso, o Rio Pardo passa nas terras do município, o que garante água para os pequenos agricultores que vivem em suas margens.
Emancipação
        Com o tempo o pequeno povoado cresceu, a igreja e o casario melhoraram com a vila estando subordinado politicamente a Salinas até 1953, em seguida a subordinada a Taiobeiras, quando foi elevado a distrito em junho de 1968 e finalmente, emancipada de Taiobeiras, sendo elevado à cidade em 21 de dezembro de 1995. Quem nasce em Berizal é berizalense. (foto acima de Duva Brunelli)
O que fazer em Berizal?
        Além de suas belezas naturais que permite a contemplação e prática de esportes radicais, o visitante não pode deixar de saborear os pratos típicos da cozinha mineira, em especial do Norte de Minas, encontrada nos bares, restaurantes, lanchonetes e churrascarias da cidade. (foto acima de Duva Brunelli)
Serra do Anastácio
        É um dos principais atrativos naturais da região. A Serra do Anastácio é uma cadeia de montanhas interligadas com início em Águas Formosas e termina em Berizal. Na Serra, predomina a vegetação de Mata Atlântica. 
        No lugar, pode-se observar animais silvestres como o mocó, conhecer espécies vegetais exóticas como orquídeas endêmicas e a samambaia assassina, fazer caminhadas, além de praticar montain bike, voo livre, asa delta e paraglider, já que a altitude do ponto máximo da Serra está a 1400 metros acima do nível do Mar. O topo mínimo da Serra do Anastácio é de 570 metros de altitude.
Parque Natural Municipal de Berizal
        Uma das principais atrações de Berizal é a sua rica biodiversidade e as belezas naturais que cercam o município. O Parque Natural Municipal é um local imperdível, onde você pode realizar trilhas e observar a fauna e flora locais. Além disso, quedas d´água do Rio Pardo e riachos da região, formam cachoeiras e poços de águas geladas, relaxantes e refrescantes como a Cachoeira do Salto.
        Para chegar ao PMB você segue no sentido Taiobeiras, pela MG-626 por 30 km quando entrará à direita e seguira em estrada de terra. Após 10 km, você estará no talude da barragem, na comunidade de Tabatinga e na área do parque. (foto acima de Duva Brunelli)
Festa Junina e Festa de São Sebastião
        Berizal conta com vários eventos e festividades ao longo do ano, com destaque para a tradicional Festa Junina, tradicionalmente desde 1997, sendo realizada no primeiro final de junho. É uma das mais famosas da região.
        Além da Festa Junina, a Festa de São Sebastião, padroeiro da cidade, realizada em janeiro de cada ano, é outra tradicional festa que atrai visitantes da região. (foto acima de Elpídio Justino de Andrade)
Mercado Municipal
        O Mercado Municipal de Berizal é um local onde se encontra os produtos da agricultura familiar, do artesanato local e a boa gastronomia mineira. Além disso, como todo mercado público, o lugar é ponto de encontro de amigos para uma boa prosa. (foto acima de Elpídio Justino de Andrade)
Artesanato
        O artesanato de Berizal é muito rico. São bordados, peças em madeira e peças em cerâmica, de alto valor histórico e cultural. Isso porque o artesanato norte mineiro retrata a vida, artes e ofícios do dia a dia do povo da região, seja na cidade ou no campo. São mais que simples lembranças, são artes que retratam as emoções, a vida, a história e a dura vida do sertanejo do Norte de Minas.
        O artesanato local é uma parte importante da cultura de Berizal. Durante sua visita, não deixe de conhecer as feiras e lojas que tem o artesanato local. Você encontrará produtos feitos à mão, como cerâmicas, bordados e peças em madeira de encantar. Esses itens são ótimas opções de lembranças e presentes. Com isso você valoriza a arte mineira e apoia os artistas locais. Muitos desses artistas, tem no artesanato sua única fonte de renda. O contato com os artesãos é uma oportunidade de aprender mais sobre as tradições e técnicas utilizadas na produção.
Arquitetura histórica
        Além de charmosas praças, a Igreja Matriz de São Sebastião e o casario do Centro Histórico da Cidade chamam a atenção por sua boa simplicidade e estilo colonial mineiro, do século XIX. (foto acima e abaixo de Duva Brunelli)
Barragem de Berizal
        A Barragem de Berizal é outro atrativo natural da cidade. A barragem foi feita no leito do Rio Pardo para permitir a exploração de terras agrícolas em suas margens, melhorando a qualidade produtiva do município e renda dos agricultores. (foto acima de Duva Brunelli)
Cavalgada Serrana
        A Cavalgada Serrana é outro evento tradicional na cidade. Nos dois dias do evento, à noite, são realizados shows com forró pé de serra e barracas com comidas típicas regionais A festa é realizada todos os anos, no primeiro final de semana de julho. A cavalgada em si é no domingo de manhã, quando cavaleiros e amazonas se encontram e saem em cavalgada pelas estradas do município.
Onde comer e onde ficar?
        Berizal é uma cidade pequena, tranquila, pacata, charmosa e acolhedora. É o destino perfeito para quem quer fugir da agitação das grandes cidades. Além disso, oferece várias opções de hospedagens com conforto e requinte, além de ótimas e variadas opções gastronômicas. A gastronomia de Berizal é muito rica e saborosa.
Em hospedagem, se destacam na cidade:
- Restaurante e Pousada Silva
- Hotel Fazenda Berizal
- Pousada do Lago.
Em gastronomia, se destacam:
- Restaurante e Lanchonete Novo México
- Churrascaria e Lanchonete Rosa Cruz
- Bar e Lanchonete do Buk
- Grupo Viver Bem.
Mais informações
        Os moradores da cidade são muito gentis e atenciosos. Se tiver alguma dúvida, pode indagá-los sobre dicas de locais para visitar no município. Com certeza te passarão várias dicas de lugares naturais da região e da própria cidade para você aproveitar bem sua estadia.

sábado, 19 de abril de 2025

Bife de umbigo de bananeira

É mais saboroso e mais nutritivo que carne.
INGREDIENTES
. 1 umbigo de bananeira
. 4 ovos grandes
. Azeite de oliva ou óleo de cozinha
. Sal a gosto
. 1 cebola picada bem fininha
. Salsa, cebolinha, pimenta-do-reino e outros temperos ao seu gosto
. Farinha de trigo o quanto baste para dar o ponto
MODO DE PREPARO
- Retire as folhas do umbigo e corte em pedaços bem fininhos mesmo. 
- Em seguida, coloque em água e leve ao fogo e deixe fervendo por 10 minutos.
- Retire, escorra bem, acrescente o sal, a cebola e os temperos e misture.
- Quebre os ovos e vá colocando um a um e misture mais.
- Em seguida, vá colocando o trigo aos poucos, até ficar uma massa consistente e firme.
- Espalhe azeite de oliva em uma frigideira antiaderente. Não é para fritar, é para aquecer. Pouco azeite.
- Vá colocando colheradas da massa na frigideira e aperte a massa com a colher até obter o formato de um bife.
- Vire de um lado para o outro para que aqueça por igual.
        Está pronto o bife de umbigo de bananeira. Experimente que é ótimo.
Receita e fotografias fornecidas pelas Luciana Albano de Ibiá MG

terça-feira, 8 de abril de 2025

Cidade mineira é eleita a mais feliz e mais inteligente do Brasil

(Por Arnaldo Silva) Com apenas 8 mil habitantes, pacata, charmosa, bem cuidada e com povo acolhedor e hospitaleiro, a cidade de São Gonçalo do Abaeté, no coração do Alto Paranaíba, a 376 km de Belo Horizonte, foi reconhecida como a cidade mais inteligente e mais feliz do Brasil. O reconhecimento foi devido o projeto “São Gonçalo Mais Feliz: Sustentabilidade e Bem-Estar na Gestão Pública Municipal”, desenvolvido pela Prefeitura legal, inspirado em projetos semelhantes e de sucesso em alguns países, como o Butão, um país asiático.
Fotos acima de Elpídio Justino de Andrade
        Desenvolvido pela Gestão Municipal e aplicado na cidade desde 2022, o projeto visa a aplicação do conceito de Felicidade Interna Bruta (FIB), de forma mais abrangente que os indicadores econômicos e sociais tradicionais. Isso porque tem como foco, além dos dados econômicos, medir a satisfação e o bem-estar de seus cidadãos, partindo de nove pontos básicos: Bem-estar Psicológico, Cultura, Saúde, Educação, Padrão de Vida Uso do Tempo, Vitalidade da Comunidade, Diversidade do Meio Ambiente e Governança. Alinhadas a esses pontos, foram implementados na cidade 13 iniciativas nas áreas da saúde, educação, meio ambiente, cultura e participação social, visando basicamente o bem-estar dos 8 mil moradores de São Gonçalo do Abaeté MG.
        O FIB é utilizado para medir o bem-estar da população, associando-o ao desenvolvimento do município, favorecendo assim melhor entendimento planejamento da gestão municipal na aplicação de politicas públicas e sociais, sempre visando a melhoria da qualidade de vida de seus habitantes.
Parceria com o Sebrae
Foto acima de Duva Brunelli
        Executado em parceria com o Sebrae, principalmente na área de governança, o projeto foi colocado em prática, permitindo a viabilização da criação de programas sociais como:
 Programa Sebrae Delas: Voltado para o incentivo ao empreendedorismo feminino e maior participação no mercado de negócios.
 Programa Restaurar: Visa promover melhorias na gestão ambiental, com foco na sustentabilidade do município.
 Programa Nacional de Educação Empreendedora (PNEE): Focado em promover a mentalidade empreendedora entre jovens e adultos.
 Sala Mineira do Empreendedor: Um espaço criado para apoiar empreendedores da cidade com informações e recursos.
Reconhecimento e premiação mundial
Foto acima de Elpídio Justino de Andrade
        O sucesso na implementação do programa na prática, fez o projeto São Gonçalo Mais Feliz: Sustentabilidade e Bem-estar na Gestão Pública Municipal, sair das divisas da cidade despertando interesse de gestores de todo o país e de outros países devido os resultados eficazes alcançados.
        Por esse motivo, o projeto e a cidade de São Gonçalo do Abaete se destacaram na categoria Cidades Inteligentes. O resultado do reconhecimento da cidade mineira foi divulgado durante a segunda edição do Smart City Expo Curitiba Brazilian Awards, uma premiação internacional que reconhece as práticas inovadoras e transformadoras das cidades desenvolvidas pelas gestões públicas em cidades de todo o planeta.
O que é Smart City Expo Curitiba
Foto acima de Elpídio Justino de Andrade
        O Smart City Expo Curitiba é organizado pelo iCities, com sede em Curitiba no Paraná, é um hub (no inglês significa conexão ou ponto central) de inovação. O evento de 2025 contou com o apoio da Prefeitura de Curitiba e do Governo do Paraná, além da chancela da Fira Barcelona, um dos mais renomados organizadores de eventos do mundo. 
        A empresa iCities foi fundada em 2011, segundo informações no próprio site da plataforma que informa que a iCities “é uma grande plataforma de soluções e projetos acerca do amplo segmento de cidades inteligentes. O estreito relacionamento com municípios e grandes corporações é o que possibilita soluções inteligentes para a gestão pública e empreendimentos privados”.
        O Smart City Expo Curitiba, organizado pela plataforma, é considerado atualmente o maior evento de cidades inteligentes das Américas (América do Sul, América Central e América do Norte).
Objetivos do prêmio
Foto acima de Elpídio Justino de Andrade
        O prêmio concedido pela Smart City Expo Curitiba Brazilian Awards tem como objetivos:
• Celebrar a inovação e a sustentabilidade nas cidades brasileiras
• Reconhecer e valorizar projetos que estão transformando as cidades
• Destacar projetos que estão moldando o futuro das cidades no Brasil
Projeto pioneiro
Foto acima de Elpídio Justino de Andrade
        O projeto desenvolvido pela Gestão Municipal de São Gonçalo do Abaeté MG, e implementado desde 2022, é pioneiro no país. O pioneirismo e sucesso do projeto na cidade mineira, rendeu à cidade o título de cidade mais inteligente e mais feliz do Brasil. Com esse título, a cidade se torna um exemplo de gestão pública eficiente, inteligente e inovadora, passando a ser uma referência para todo o Brasil.
Impactos do projeto na comunidade
Foto acima de Duva Brunelli
        Além de ter elevado o status de São Gonçalo do Abaeté em todo o Brasil, o projeto “São Gonçalo Mais Feliz” trouxe vários benefícios para os moradores da cidade, como por exemplo na melhoria da qualidade de vida, estimulou maior participação comunitária nos assuntos da cidade, proporcionou melhora significativa dos serviços públicos, fortalecer a governança e proporcionar um ambiente mais sustentável. São melhorias significativas sentidas na prática pelos moradores da cidade, que contribuíram para que o município se tornasse referência nacional.
        É o resultado do empenho da Gestão Municipal em promover o bem-estar de seus cidadãos e que serve como base de inspiração para outros gestores públicos do país, adotar o mesmo projeto em seus municípios.
        Conceitos e projetos inovadores, transformam para melhor a realidade de uma cidade. Isso é o que aponta os resultados do projeto implementado em São Gonçalo do Abaeté. Uma mostra de quando se quer e com criatividade e ideias claras e inovadoras, a realidade de uma cidade, seja de pequeno, médio ou grande porte, pode ser modificada e melhorada.
        O resultado alcançado por São Gonçalo do Abaeté, reforça a importância das politicas públicas e estratégias que tem como prioridade o bem-estar da população e a sustentabilidade como pilares sólidos para o desenvolvimento urbano. Resultados que levaram o reconhecimento da eficácia da iniciativa da Gestão Municipal, coroada com o reconhecimento nacional, através da premiação no Smart City Expo Curitiba Brazilian Awards.
Exemplo a seguir
Foto acima de Duva Brunelli
        A experiência de São Gonçalo do Abaeté, aponta para a eficácia de ações governamentais que coloca o bem-estar da população a base das decisões da Administração Municipal. Mais que isso, é uma referência para que outros gestores públicos pelo país sigam este exemplo. 
        Seja de pequeno, médio ou grande porte, o projeto desenvolvimento em São Gonçalo do Abaeté é uma mostra clara e eficaz da criatividade e espírito de inovação dos gestores municipais no cuidado de sua população e aplicação dos recursos públicos no bem-estar e melhoria da qualidade de vida de seus cidadãos.

quarta-feira, 2 de abril de 2025

Geleia caseira de goiaba

INGREDIENTES
. 1 kg de goiaba vermelha
. 250 gramas de açúcar
. 1/2 copo de água
. Suco de 1 limão pequeno
MODO DE FAZER
- Lave bem as goiabas, corte-as ao meio e retire toda a polpa. (se quiser, separe a polpa e faça suco. A polpa (sementes) não serão usadas na geleia
- Cortada ao meio e sem as sementes (polpa) corte novamente em pequenos pedaços, coloque os pedaços no liquidificador junto com a água, o limão e o açúcar e bata bem até ficar uma massa pastosa.
- Feito isso, coloque a massa em uma panela, leve ao fogo e deixe fervendo por uns 20 minutos até você passar a colher o fundo sair limpo.
- Desligue, espere esfriar um pouco e despeje a geleia em potes. 
- Está pronta sua geleia. Sirva com queijo, biscoitos ou torradas.
Fotos da geleia feita pela Regina Rodrigues da @reginasfarm

domingo, 16 de março de 2025

Saiba porque o mineiro tem fama de desconfiado

(Por Arnaldo Silva) O mineiro tem como característica ser desconfiado à primeira vista. Essa fama surgiu no início do século XVIII com a presença maciça de aventureiros, viajantes e tropeiros em Mina Gerais. Muitos desses forasteiros tinham a fama de roubarem o bem mais precioso das famílias nativas que viviam nas vilas e fazendas. 
 Na imagem, queijos de Diamantina MG. Registro da Giselle Oliveira 
       Esse bem precioso não era o ouro, já que as minas eram propriedades dos mineradores ricos. O bem mais precioso das famílias mineiras à época era o queijo.
O queijo como escambo
        O queijo servia de escambo. Isso porque dinheiro era raro naquela época. Sem dinheiro, a prática comum à época era o escambo, que é ato de trocar um produto pelo outro, sem usar, moeda. Tropeiros e mascates se concentravam na praça principal das vilas e cidades e trocavam suas mercadorias por queijos e os revendiam nas cidades grandes.
        Trocava-se queijo pelo que não era produzido na vila ou cidade como açúcar, trigo, sal, sapatos, roupas de linho, utensílios domésticos, chapéu, botas, guaiacas, enxadas, foices, latões, esmaltados, querosenes, lamparinas. Enfim, tudo que não era produzido por eles mesmos em suas propriedades, na vila e cidade, trocavam por queijos. Por isso era um bem precioso e cobiçado por forasteiros.
Desconfiança para proteger o queijo
Queijos feitos pelo mestre queijeiro Roberto Soares de São Roque de Minas
        Quando chegava um forasteiro logo já ficavam desconfiados que poderia ser um ladrão de queijos. Bastava chegar forasteiros que o povo todo corria para dentro de suas casas, fechava as portas e janelas e ainda, trancavam o cachorro lá dentro. Trancados em suas casas, ficavam espiando pelas frestas das janelas e portas as pessoas que vieram de fora.
        Não confiavam em ninguém, seja tropeiro, indígena, viajante e paulista, devido aos ranços da Guerra dos Emboabas e do conflito entre mineiros e paulistas em 1720 que culminou com a independência da Capitania das Minas Gerais e expulsão dos paulistas do território mineiro. Enfim, todo não nativo de Minas Gerais, quando chegava, o mineiro já ficava com o pé atrás e corria para dentro de casa com o intuito de se proteger contra possíveis ladrões de queijos.
Da desconfiança para a confiança
Na foto do Arnaldo Silva, rua em São Bartolomeu com a calçada rente às casas
      Quando o forasteiro chegava e tentava contato com os moradores, ficava na porta da casa e o mineiro, trancado dentro de casa, respondendo pelas frestas das portas e janelas.
        Dependendo da boa conversa, logo o mineiro vai pegando confiança, conversando mais e se soltando aos poucos. Mas antes disso, o forasteiro terá que passar por um intenso interrogatório tipo: Cê é fi de quem? Qual a sua graça? Como que ocê vei pará aqui? Que qui cê qué? Perguntam quase que intimando e com cara fechada.
        Nos dias de hoje é assim também, só que a tecnologia ajuda. Pode se falar pelo interfone ou abrir a porta e chegar até o portão. É que antigamente as casas não tinham muro e as casas eram rentes à calçada e geminadas, como podem ver na foto acima.
        Ser tratado assim não é falta de educação e não se sinta mal com isso. É característica do povo mineiro mesmo. Respondendo direitinho as perguntas e com paciência, logo o semblante desconfiado do mineiro se desfaz e ele te recebe de braços abertos.
Como conquistar o coração de um mineiro?
Fotografia de Arnaldo Silva em Cordisburgo MG
        Dependendo da prosa, o forasteiro era convidado a entrar, tomar café com broa de fubá assada na brasa e pão de queijo e também, comer queijo com goiabada, com doce de leite, de mamão ou de figo com a família. Se tiver na hora do almoço, é convidado para sentar à mesa e comer frango com quiabo e angu.
O que não se deve falar a um mineiro
Na foto de César Reis, rua no povoado de Emboabas, distrito de São João del-Rei MG
       Passado essa etapa, evite cometer um “crime bárbaro” perante o mineiro durante a conversa. Não tem coisa pior para um mineiro ouvir é alguém falar mal de Minas, da comida, do queijo, da igreja, da cidade, enfim, nunca fale mal de Minas Gerais na frente de um mineiro. Mineiro é bairrista ao extremo.
        Não compare Minas com nenhum outro estado brasileiro. Se falar mal de Minas ou ironizar nosso sotaque e nossas mineiridades, por educação, ele pode até ficar calado, mas deixará claro no seu semblante que não aprovou o que disse. Pode ter certeza, para o mineiro, o povo Montanhês, Minas é o melhor lugar do mundo.
        Se cometer esses deslizes na prosa com um mineiro, pode ter certeza, não terá perdão e logo todos da rua, da vila, da cidade e da região, saberão do que foi dito sobre a vila, cidade e de Minas. Nesse caso, o melhor a fazer é dar meia volta e voltar para onde vei, o mais rápido possível. Não adianta. Falou mal de Minas, perdeu de vez a consideração e confiança do mineiro, não terá outra chance.
Defesa que virou mineiridade
Fotografia acima de Vinícius Montgomery em Itajubá MG
        Desconfiar de tudo e de todos, passou a ser uma forma de proteção contra os forasteiros mal-intencionados. Essa atitude dos “geralistas das montanhas” ou o Montanhês, como éramos chamados antes do gentílico “mineiro”, se tornou conhecida em toda a colônia.        
        Desde o século XVIII, quem vinha à Minas Gerais era alertado sobre o jeito desconfiado do mineiro. A fama de povo desconfiado do mineiro começou a partir daí. O instinto de proteção dessa época se tornou geral entre os mineiros, se transformando em uma de suas principais características e mineiridades. É uma característica mineira solidificada há mais de 3 séculos e é assim até os dias de hoje.

sexta-feira, 14 de março de 2025

Saiba como identificar o verdadeiro tapete Arraiolo

(Por Arnaldo Silva) Tapete Arraiolo tem origem em Arraiolo, distrito de Évora, em Portugal pelos mãos dos Mouros, grupo muçulmano vindo do Norte da África. Se instalando em Portugal entre os séculos XV e XVI, era talentosos tapeceiros e passaram a exercer seu ofício em Portugal, dando origem assim a uma das mais belas artes em tapeçaria da humanidade. O tapete arraiolo une as técnicas dos bordados e dos famosos tapetes persas.
          Os muçulmanos tem o hábito fazerem refeições sobre tapetes e não sobre mesas. E ainda, usam tapetes para fazerem suas orações. Por isso a tradição de fazer tapetes é milenar entre os povos muçulmanos. (fotos acima de Aridelson Rezende na JR Tapetes de Florestal MG)
          Os tapetes arraiolos são totalmente manuais, feitos sobre uma tela, usando panos lãs, grossos e resistentes para que os fios que dão formato ao tapete possam ser contados. São usados pelos tapeceiros fios de diferentes cores, o que torna o tapete único. Nenhum tapete arraiolo é igual ao outro.
          Ter um tapete Arraiolos em casa é ter uma arte finíssima, chique, que dá vida e mais conforto às residências. É sinal de cultura e bom gosto. Embora as chances de comprar tapete Arraiolos originais sejam bem grandes, já que é uma arte relativamente cara, totalmente artesanal, feito a mão, por isso ser pouca possibilidade de reprodução em série, devida a complexidade da arte, mas pode existir esses tapetes não artesanais, feitos ind
ustrialmente. (foto abaixo de Aridelson Rezende em Florestal MG
Dicas para certificar-se de que esteja adquirindo um tapete original
- Arraiolos legítimo você encontra em Portugal, o país de origem dos tapetes Arraiolos, no século XVI.
          No Brasil você encontra nas cidades mineiras de Diamantina, Florstal e Passa Tempo, podendo adquiri-los diretamente nas lojas dos artesãos, sites de vendas online locais ou por encomenda. 
- Desconfie se encontrar um tapete com linhas e pontos exatos e apalpe os tapetes. Isso porque são feitos à mão e passando os dedos entre os desenhos e pontos, poderá perceber relevos nos detalhes. Nos tapetes industriais são lisos os desenhos.
- Os pontos e detalhes geralmente apresentam irregularidades, já que são feitos durante dias, com bordados a mão.
- Tapete Arraiolos é feito de lã pura, toque e sinta se é de lã, cheire também.- Por serem feitos artesanalmente, totalmente a mão, não é um tapete barato, até porque, dependendo do tamanho do tapete, uma única peça sua confecção consome vários dias para ser feita ou até semanas. Os preços variam muito da localidade onde é produzido e geralmente cobrado por metro. Desconfie de tapete Arraiolos baratos. (foto abaixo de Giselle Oliveira em Diamantina)
Uma arte que é única
          Por fim, prestigie o artesanato original de sua cidade, de Minas Gerais, feito pelas mãos dos nossos talentosos artesãos. Além de adquirir uma arte original única, já que nunca uma peça feita à mão é igual à outra, você estará preservando a tradição, ajudando as famílias dos artesãos, gerará impostos, riquezas para os municípios e estará incentivando a preservação de nossas tradições seculares.

A tradição dos tapetes Arraiolos de Florestal

(Por Arnaldo Silva) Tapete Arraiolo tem origem na vila de Arraiolo, no distrito de Évora em Portugal, entre os séculos XV e XVI. A arte chegou à Portugal pelas mãos dos tapeceiros Mouros, grupo muçulmano com origens no Norte da África, onde viviam. Deixaram a África e se instalaram na Sicilia, Malta, parte da França e em cidades e vilas portuguesas como Lisboa e Arraiolo.
          A presença dos Mouros em Arraiolo deu nome a uma das mais belas e impressionantes artes da Idade Média, valorizada até os dias de hoje. Os tapetes são feitos à mão, usando tela de linho, estopa, juta, fios de lã e tecidos resistentes e grossos, que permita contar os fios facilmente. Usando a técnica chamada de Ponto dos Arraiolos, as peças combinam bordados e tapetes, inspirados nos famosos tapetes persas. (fotos acima: cidade: WDiniz. Tapetes: Aridelson Rezende)
          A arte medieval de confeccionar tradicionalmente tapetes Arraiolos está presente na cidade de Florestal MG.
A cidade
          Florestal conta com cerca de 8 mil habitantes e está a 68 km de Belo Horizonte, com acesso para a BR-262, sentido Triângulo Mineiro. A cidade tem origens no século XIX e seu nome era Guarda-Mor Salles. (fotos acima de WDiniz)
          O nome era em homenagem a seu primeiro morador, Salles, conhecido como Guarda-Mor Salles. Guarda-Mor era título colonial de comando tropas, mas Salles chegou à região como capitão-do-mato. Caçava escravos fugidos de fazendas na região. Guarda-Mor Salles era como preferia ser chamado. Se instalando na região em 1845, à esquerda do Rio Paraopeba, deu origem a formação de um povoado que recebeu seu nome, Guarda-Mor Salles.
          Em 1911, o povoado foi elevado a distrito, subordinado a Pará de Minas, mudando o nome de Guarda-Mor Salles, para Florestal, devido as grandes florestas que existiam na região. Em 1962, Florestal foi elevada à cidade.
          A cidade se destaca pelo seu charme, boa estrutura urbana e boa qualidade de vida, além de contar com belíssimas fazendas coloniais como a Fazenda Cachoeira onde nasceu o ex-governador de Minas, Benedito Valadares (a fazenda nas fotos acima do WDiniz) a , Fazenda Santa Rita, Fazenda Mulatas, Fazenda Ribeirão do Ouro e Fazenda Boa Esperança (nas  fotos abaixo do WDiniz).
          Além de uma imensa área de preservação ecológica, possui um campi da Universidade Federal de Viçosa e mantém viva a tradição de fazer tapetes arraiolos.
A arte de fazer tapetes Arraiolos de Florestal
          A arte chegou à cidade nos anos 1970, através dos imigrantes portugueses Dona Ana e seu filho, Carlos Romeiro. Começaram a fazer os tapetes, até então novidade na cidade e região,  com a arte e requinte, chamando a atenção e o interesse de várias pessoas adquirir e também em aprender o ofício. (fotos acima e abaixo de Aridelson Rezende na JR Tapetes)
          Assim começou a popularizar-se a arte dos tapetes Arraiolos em Florestal, se tornando tradição entre várias famílias que de dedicaram ao ofício na cidade desde os anos 1970. (foto acima do Aridelson Rezende)
JR Tapetes
            Entre os talentos na arte de fazer tapetes em Florestal se destaca Jhoanes Rodrigues da JR Tapetes (na foto acima do Aridelson Rezende), que aprendeu a arte de fazer Arraiolos aos 10 ano, com sua mãe, Dona Palmira. 
          Além da técnica original portuguesa, dotado de grande talento e criatividade, aprimorou a técnica passou a fazer seus próprios desenhos de tapetes, criando um tapete único, com identidade própria. São tapetes finos, sofisticados, cuja beleza e riqueza dos detalhes, impressiona. (foto acima e abaixo do Aridelson Rezende, o tapete e o selo de origem do JR Tapetes, de Florestal MG)
          Os trabalhos da JR Tapetes podem ser conferidos no site: jrtapetes.com.br ou pelo whastsapp: (31) 99812-2159

quinta-feira, 13 de março de 2025

Bolo ladrão

Bolo Ladrão, "Spitsbuubkuchen" na língua Pomerana, é um bolo tradicional da comunidade Pomerana do Espírito Santo e da Vila Neitzel, em Ituêta MG, Vale do Rio Doce. O nome é devido ao formato em quadrado que lembra grades de uma prisão.
Ingredientes
. 7 ovos
. 500 gramas de margarina ou manteiga
. 800 gramas de açúcar
. 2 colheres de sopa de fermento
. 1 pitada de sal
. Suco de 2 limões galego (opcional)
. 500 gramas de polvilho doce
. 1 kg de trigo( colocar o trigo aos poucos até dar o ponto)
. 1 kg de goiabada derretida
Modo de preparo
- Em uma vasilha, coloque o açúcar, o ovo e a manteiga e mexa até que ficar bem homogêneo.
- Acrescente o leite à mistura, o fermento, o suco do limão, se preferir.
- Mexa mais e vá despejando aos poucos a farinha de trigo. 
- Vá colocando o trigo e sovando até que a massa fique firme, lisa e desgrudando das mãos. 
- Unte uma forma com manteiga e farinha de trigo e espalhe uma parte da massa.
- Agora passe a goiabada sobre a massa derreta.
- Em seguida, faça tirinhas com o restante da massa e espalhe sobre a goiabada derretida na horizontal e vertical deixando dois dedos de espaço entre cada, formando quadrinhos.
- Leve ao forno pré-aquecido a 180 graus e deixe assando até que fique dourado.
- Espere esfriar, corte a seu gosto e sirva.
Fotos de Vanderleia e Rafaela Bulll com receita fornecida pela Verônica Bul de Itarama/ES.

terça-feira, 11 de março de 2025

A arte de fazer tapetes Arraiolos em Passa Tempo

(Por Arnaldo Silva) A técnica muçulmana de confeccionar tapetes, conhecida por Ponto dos Arraiolos, é uma das mais antigas da humanidade. São tapetes feitos à mão, usando técnicas artesanais com desenhos intricados e alta qualidade artesanal, bordados com pontos cruzados oblíquos.
Fotos fornecidas por Adriano Van Vaar
        A tradição surgiu em Portugal no século XVI ou XVII, introduzida no país pelos Mouros, nome dado aos povos islâmicos que invadiram a Península Ibérica, a Sicília, a Malta e parte da França, durante a Idade Média, vindos do Norte da África. Em Portugal, os Mouros se estabeleceram em cidades portuguesas, como na vila de Arraiolo, de Évora de Évora. Como eram tapeceiros experientes, os tapetes em pontos feitos pelos Mouros assimilou o nome do lugar, chamando de Ponto do Arraiolo e as peças sendo chamadas de Tapete Arraiolo. São peças únicas, requintadas e de alto valor comercial.
Foto acima fornecida por Adriano Van Vaar em Passa Tempo MG
        Algumas cidades mineiras fazem tapetes Arraiolos usando a tradicional técnica Medieval dos Mouros, da mesma forma que na Idade Média, manual e totalmente artesanal.. Entre essas cidades, se destaca Passa Tempo MG.
A cidade de Passa Tempo
Fotografias de Saulo Guglielmelli
        Passa Tempo, charmosa, atraente e pacata cidade da Região Oeste de Minas, com 8.500 habitantes. Faz divisa com os municípios de Oliveira, Carmópolis de Minas, Desterro de Entre Rios, Piracema e está a 143 km distante de Belo Horizonte com acesso pela Rodovia MG-270.
Origem da cidade
Fotografias de Saulo Guglielmelli
        No século XVIII a região onde é Passa Tempo era ponto de descanso de bandeirantes e tropeiros por ser considerada por eles próprios, um local aprazível para "passar tempo". Era uma parada para passar o tempo enquanto os animais descansavam. Por esse motivo, o lugar passou a ser conhecido como Passa Tempo. Neste local foi se formando um pequeno povoado, elevado a distrito de 1832, subordinado a Oliveira, elevado a vila em 1911 e por fim, à cidade emancipada em 10-09-1925.
Tradições seculares
        A cidade preserva as tradições seculares como a religiosidade, folclore, gastronomia e também sua arquitetura barroca, presente no seu centro urbano e em fazendas coloniais, como a Fazenda Campo Grande. Passa Tempo (nas fotos acima do Saulo Guglielmelli) e Fazenda Araújos (nas fotos abaixo do Saulo Guglielmelli). Passa Tempo é uma charmosa cidade histórica mineira.
        Além disso, Passa Tempo é conhecida por ser a terra onde nasceu Antônio Faleiro, ufólogo renomado no Brasil e exterior, autor de vários livros sobre Ufos no Brasil, além de especialista no estudo do folclore brasileiro e ovnis.
O começo da tradição de fazer tapetes Arraiolos
Fotografia fornecida por Adriano Van Vaar
        A arte de fazer tapetes Arraiolos foi introduzida na cidade em 1977, pelo Padre Irineu Leopoldino de Souza, O padre foi transferido de Diamantina MG, para Passa Tempo. Por participar e conhecer o projeto dos Tapetes Arraiolos em Diamantina, introduzido na cidade em 1975 em parceria com a Igreja e casal tapeceiros portugueses, que vieram de Portugal especialmente para ensinar a arte da fazer tapetes Arraiolos.
        Em Passa Tempo, padre Irineu percebeu um grande potencial na cidade para fazer esses tapetes Arraiolos e desenvolveu o projeto diamantinense em Passa Tempo.
Tapeceira de Passa Tempo MG. Foto fornecida por Adriano Van Vaar
        Mesmo com a posterior transferência do padre da cidade, a arte de fazer tapetes continuou, isso porque a ideia evoluiu, teve grande aceitação popular, cujo ofício foi passado de mãe para filha e muitos ensinavam uns para os outros. As tapeceiras podem ser vistas nas na cidade, expondo e desenvolvendo sua arte.
Fotografia fornecida pelo Adriano Van Vaar
        Esse interesse pela arte de fazer tapetes Arraiolos foi tão grande na época que se tornou tradição na cidade, gerando renda para as famílias. Atualmente o ofício é praticado por poucas tapeceiras, organizadas na Associação das Tapeçarias e Artesanatos de Passa Tempo (ATAPT), que visa manter a tradição e unir as tapeceiras e tapeceiros da cidade.
Fotografia fornecida pelo Adriano Van Vaar
        Passa Tempo é hoje conhecida no Oeste de Minas como a “Terra dos Tapetes Arraiolos”, pela diversidade de sua produção, criatividade e talento de seus artesãos e artesãs na arte de fazer tapetes Arraiolos.
        Os tapeceiros e bordadeiras da cidade sentem orgulho de exercerem a arte da tapeçaria, contribuindo com a história da cidade e de suas próprias, que tiveram parte de suas vidas e histórias dedicada ao amor à arte de fazer tapetes.

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